A tragédia foi presenciada já na fase final pela única filha do casal, grávida de 31 semanas, que teve de ser assistida por uma equipa de psicólogos do INEM e depois transportada ao Hospital Central de Braga, enquanto os vizinhos se mostravam atónitas com o homicídio.
Maria Clara Magalhães, de 54 anos, caiu às mãos do marido, conhecido pela alcunha de “Guerras”, sendo que nas últimas semanas aparentava alguma desorientação, desde que teve um acidente de trator, próximo da sua residência, levando a internamento hospitalar.
Manuel Lopes, de 59 aos, depois de ter cometido o crime, entregou-se no posto policial da sua área de residência, a GNR do Sameiro, declarando que tinha morto a mulher a tiro, tendo sido detido e entregue à Polícia Judiciária de Braga, que está a investigar este crime.
Sabe-se que o homicida confesso estaria ainda com forte medicação e continuaria a beber álcool, o que potenciaria a sua agressividade, tendo ainda há poucos dias travado com um irmão vários desacatos, tendo-o ameaçado, denotando, ultimamente, algum desequilíbrio.
Mas a maioria dos vizinhos desconheceria tal situação, inclusivamente um primo direito da vítima, José Luís Magalhães, enquanto um casal que reside a cerca de 100 metros da moradia palco da tragédia familiar recorda-se de ter ouvido três disparos consecutivos, cerca das 21 horas desta sexta-feira, mas então não relacionou os tiros com aquele crime.
Pedreiro de profissão, Manuel “Guerras” era caçador nos tempos livres, tendo utilizado a sua mais recente caçadeira para assassinar a mulher, na Rua de Bugide, em Pedralva, no concelho de Braga, enquanto os cães de caça que tinha no quintal não paravam de ladrar e choraram à passagem do cadáver de Maria Clara Magalhães, que foi transportada pelos Bombeiros Sapadores de Braga para o Gabinete Médico-Legal e Forense do Cávado, em Braga, onde será realizada a autópsia para através da perícia esclarecer os acontecimentos.
A arma do crime, uma espingarda caçadeira semiautomática, foi recuperada pela GNR do Sameiro, que se manteve sempre no local do crime, sob o comando do tenente Noé Pinto, enquanto o arguido será presente ainda hoje ao juiz de instrução criminal em turno, a fim de ser submetido a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação.
Para além da filha que assistiu ao final da tragédia, o casal tem ainda dois filhos, um dos quais emigrado em França, o mais novo de todos, que souberam deste crime pelo telefone.