“És um demónio, choras porque és mau” dizia mãe que agrediu recém nascido no hospital

Durante a agressão nos cuidados intensivos, a mãe bateu com força nas nádegas do menor ao mesmo tempo que dizia “és um demónio, choras porque és mau!” e, dias depois, insultou-o dizendo que era um “filho da p…”.

No passado dia 29 de novembro de 2018, uma mulher foi detida depois de o seu filho recém-nascido ter recebido alta do Hospital de São João. A costureira de 29 anos, natural de Famalicão, entrou na área dos cuidados intensivos sem autorização médica, dirigiu-se até à criança e, ao vê-la chorar, deu-lhe palmadas "com tal violência que o bebé até bateu com a cabeça nos braços de uma cadeira tal como foi avançado pelo Jornal de Notícias (JN), na edição da última segunda-feira. Sabe-se que o Tribunal da Relação do Porto decidiu manter a suspeita em prisão preventiva não só devido a este caso de violência doméstica agravada mas também aos maus-tratos que já haviam tido início anteriormente.

Na acusação é igualmente possível ler que, durante esta agressão nos cuidados intensivos, a mãe bateu com força nas nádegas do menor ao mesmo tempo que dizia "és um demónio, choras porque és mau!" e, dias depois, insultou-o dizendo que era um "filho da p…". O bebé, nascido em setembro do ano passado, era saudável e não possuía qualquer má formação. Estava aos cuidados da mãe porque o pai trabalhava durante o dia e, à noite, dormia num quarto separado para conseguir descansar.

Porém, quando tinha somente um mês, a criança teve de ser levada ao Centro de Saúde de Famalicão. O diagnóstico? Uma gastroenterite. “Após tal data, no interior da residência, sempre que o menor chorava de forma inconsolável e prolongada, a arguida pegava nele ao colo e abanava-o, de forma violenta, o que sucedeu por várias vezes” relatou o Ministério Público (MP) explicando também que estas atitudes abusivas resultaram em hemorragias intercranianas – visíveis nos olhos do menor.

Volvidos onze dias desta visita, o bebé começou a vomitar e a progenitora levou-o até ao hospital. Aí, os médicos concluíram que o perímetro do cérebro tinha aumentado de 38,5 centímetros para 42 e, posteriormente, para 45. O MP sublinhou que devido à idade do bebé, o cérebro embatia na caixa craniana e provocava a chamada síndrome do 'bebé abanado' ou 'shaken baby'. É de realçar que estas lesões podem provocar danos cerebrais, paralisia, perda de visão ou audição, convulsões, coma ou até a morte. A taxa de mortalidade estimada entre as crianças com esta síndrome varia de 15% a 38% 

O pai da criança chegou a ser interrogado pelas autoridades mas ficou afastado da responsabilidade criminal. De acordo com uma vizinha, citada pelo JN, o homem "ficou muito abalado com o que aconteceu" mas visita regularmente o filho. O julgamento da suposta criminosa será realizado no Tribunal de S. João Novo, no Porto.

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