A tensão está a escalar na antiga colónia britânica. Vários ativistas foram presos em Hong Kong, nos últimos dois dias, numa aparente repressão ao protestos que originaram uma crise política e que tem enchido as ruas com manifestações nos últimos três meses. Entretanto já foram libertados sob fiança.
Na véspera do 13.º fim de semana consecutivo de manifestações, a polícia de Hong Kong prendeu, na sexta-feira, ativistas proeminentes como Joshua Wong e Agnes Chow, do partido Demosisto e antigos líderes estudantis dos protestos pró-democracia de 2014 – a chamada revolução dos guarda-chuvas. No dia anterior, as autoridades prenderam o chefe do Partido Nacional de Hong Kong, organização pró-independência da cidade.
«Tudo o que pedimos a Pequim e ao Governo de Hong Kong é que retirem a lei [de extradição], que se pare a violência policial e que respondam aos nossos apelos por eleições livres», disse Wong depois de ser libertado. Os ativistas foram detidos pela polícia na sequência da proibição de uma marcha organizada pela Frente Civil de Direitos Humanos agendada para sábado – que marcaria o quinto aniversário do dia em que a China impôs limites mais restritivos às eleições em Hong Kong, o que originou a revolução dos guarda-chuvas.
Embora a polícia garante que as detenções não estão relacionadas com o protesto deste fim de semana, Wong e Chow defenderam que as ações policiais serviram para infligir «terror».
«Embora já tenha sido preso três vezes e de ir enfrentar o julgamento no dia 8 de novembro – que é daqui a três meses – não vamos parar de lutar. Nunca nos renderemos. Insto a comunidade internacional a mandar uma mensagem clara ao Presidente Xi [Jinping]: enviar tropas ou usar portarias de emergência não é a solução. Vamos continuar a lutar, não importa se nos prendem ou nos julguem», apontou Wong.
Além das detenções, Pequim reforçou esta quinta-feira a sua guarnição em Hong Kong, enviando milhares de tropas para a cidade. A chefe de Governo de Hong Kong disse que o Executivo ia tomar medidas para restabelecer a ordem. «Na semana passada, vimos táticas assustadoras diretamente do manual de Pequim: organizadores de protestos pró-democracia atacados por bandidos, ativistas de destaque presos e retirados à força de suas casas e da rua, e a grande manifestação de sábado proibida», alarmou em comunicado o diretor da Amnistia Internacional de Hong Kong, Man-kei Tam. Desde junho, já foram detidas cerca de 900 pessoas.