As raízes do conflito estão no passado colonial, compartilhado dos países. Do século XVII ao século XX, a Grã-Bretanha dominou a maior parte do subcontinente indiano, primeiro indiretamente através da Companhia Britânica das Índias Orientais, depois de 1858 diretamente pela coroa britânica. Com o tempo, o poder da Grã-Bretanha sobre a sua colónia enfraqueceu, e um crescente movimento nacionalista, ameaçou o governo escorregadio da coroa.
Apesar de temer uma guerra civil entre a maioria hindu da Índia, e, a minoria muçulmana, a Grã-Bretanha enfrentou uma enorme pressão para conceder a independência à sua colónia. Depois da Segunda Guerra Mundial, o Parlamento decidiu que o domínio britânico na Índia deveria terminar em 1948.
O estatuto especial da região de Caxemira, foi revogado pela Índia, mais concretamente por Narendra Modi, em agosto de 2019.
Estamos perante um problema que já trouxe, os atores principais do panorama indo-paquistanês à baila, com acusações de ambos os lados.
Imran Khan, afirma que a Índia e o BJP (Bharatiya Janata Party) já jogaram a última carta neste ‘jogo’ perigoso.
O clima de tensão na Índia é notório, porque apesar da minoria muçulmana, indiana ser pequena, estamos a falar de 200 milhões de muçulmanos, num universo de um bilião de pessoas.
Estamos perante, um barril de pólvora, que pode originar um inevitável conflito de grandes dimensões.
Modi já está a ser questionado internamente com esta guerra a nível nacional e internacional.
Imran Khan, o PM paquistanês, já afirmou que, as duas potências nucleares vão fazer estragos em ambos os países e nenhum dos dois vai ganhar com essa possível guerra.
Nesta guerra, sofrem sempre os mais fracos, as populações dos dois países.
Narendra Modi, sempre teve, ao longo dos tempos, um discurso hinduísta e nacionalista, porém não se podia perceber nas entrelinhas do discurso do mesmo, que os ‘muçulmanos’ eram um fator a eliminar ou a extinguir.
A chacina, e a perseguição que é feita hoje em dia na Caxemira indiana a quem segue a religião islâmica é inconcebível no século XXI.
Este caminho não é certamente o caminho para o sucesso, para quem quer pôr a Índia no mapa das potências, a ter em conta nas próximas décadas.
Quem tem mais a ganhar e a perder, a resposta é simples, ambos os países perdem.
No entanto, a Índia, apesar de todos os esforços de dinamizar a política externa, está cada vez mais a ficar como ‘persona non grata’ das potências económicas que podem ajudar a Índia a chegar ao próximo nível, que é o de potência mundial.
Dou como o exemplo dos Emirados Árabes Unidos, onde Narendra Modi, foi condecorado recentemente, todavia, e, apesar de tudo, o estado árabe é um estado muçulmano, e, apoia fortemente o Paquistão.
A Arábia Saudita, e, o Qatar, apesar de estarem de costas voltadas, são muito próximos de Imran Khan.
Em situações hostis, medidas extremas e Modi não terá muitos aliados nesta frente de tentar eliminar os muçulmanos na região de Caxemira.
A questão crucial de saber se e até que ponto os países envolvidos, estão cientes do problema que estão a criar. Pode ocultar-se o problema, por detrás de conceitos como ‘verdade’ e ‘racionalidade’. É o ideal ocultado, não dito subjacente a uma aproximação estática do problema, é fundamental encontrar um mediador, como a União Europeia, ou os Estados Unidos da América, para ‘pôr água na fervura’, se não caminhamos a passos largos, para um problema sem retorno com reflexos na economia mundial.