Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic continuam a digladiar-se no Open dos Estados Unidos pelo estatuto de melhor jogador de sempre, com 20 títulos do Grand Slam, 18 e 16, respetivamente.
No último ano e meio, ‘Djoko’ tem ganho terreno aos rivais e esta época derrotou ‘Rafa’ na final do Open da Austrália e ‘RF’ na final de Wimbledon.
Fora dos courts, a rivalidade persiste, incluindo nos bastidores políticos. A entrada de Djokovic para a presidência do Conselho dos Jogadores do ATP Tour consolidou a sua influência.
Só tardiamente os outros dois perceberam que o novo poder político do atual n.º1 mundial reforçara-o em todos os domínios, colocando em causa o legado que ambos desejam deixar para as gerações futuras.
Uma conversa de emergência entre Nadal e Federer durante Indian Wells, em março, teve como consequência a entrada recente de ambos para o Conselho dos Jogadores, em substituição de três membros que tinham-se demitido em Wimbledon.
A reunião do Conselho em Wimbledon durou sete horas, foi polémica e provocou essas demissões. Feliciano Lopez, que (ainda) é jogador mas também (já) é diretor do torneio de Madrid, admitiu em julho que a situação estava ‘uma salganhada’.
Já com Federer e Nadal – que há anos tinham sido presidente e vice-presidente do Conselho, mas depois afastaram-se – a reunião mais recente, há uma semana, em Nova Iorque, antes do US Open, foi mais rápida e positiva.
«Nunca tinha acontecido os n.º1, 2 e 3 do Mundo estarem no mesmo Conselho de 10 membros. Tudo correu bem e eles mostraram-se muito interessados», disse Djokovic.
O sérvio percebeu que as suas posições radicais e hostis aos proprietários de torneios (sobretudo os Majors) terão de revestir-se de uma roupagem consensual, porque o suíço e o espanhol são mais temperados e dialogantes.
Djokovic soube recuar e dar sinais de conciliação. Anunciou, por exemplo, que jogará a nova Taça Davis, um evento que procurou desvalorizar, mas que sabe ser caro a Nadal.
Rafa e Roger responderam do mesmo modo e não foram (ainda) para o Conselho contrariar as decisões que a fação de Novak tomara em março e que tanto os irritara… mas já marcaram uma posição conjunta.
Cada bloco está a contar as suas tropas e nos próximos tempos as fricções entre os três campeoníssimos serão mais evidentes dentro do campo do que fora dele.
O desafio que enfrentam é criarem uma espécie de geringonça tenística e fixarem bases de entendimento num momento crítico do desenvolvimento do ténis ao nível das suas estruturas internacionais. Apesar das divergências, juntos são mais fortes.