Desde julho que todos os chefes de Estado que visitem a residência oficial do Presidente francês são recebidos por Emmanuel e Brigitte Macron num cenário escolhido pelos próprios e que inclui dois quadros da autoria da pintora Maria Helena Vieira da Silva. O casal presidencial pediu que as obras Jardins suspendus (1955) e ‘Stèle’ (1964), inicialmente colocadas na sala Cleopatra do Palácio do Eliseu, fossem transferidas nesse mês para o vestíbulo de honra, uma entrada revestida a mármore de Carrara e onde são formalmente recebidos os chefes de Estado que visitam Paris e, tradicionalmente, posam para as fotografias.
Os dois quadros pertencem à coleção do Museu Nacional de Arte Moderna – Centro Pompidou e tinham sido colocadas no Palácio do Eliseu em 2018 – portanto, já sob a ‘batuta’ do presidente francês, eleito em maio de 2017. E foi também o casal Macron a pedir especificamente que as obras fossem agora recolocadas num lugar de maior destaque. “As obras foram escolhidas pelo casal presidencial pela sua qualidade estética e para dar relevância aos artistas contemporâneos”, disse fonte oficial do Palácio do Eliseu, citada pela Lusa.
Há muito que as duas obras fazem parte das coleções francesas. Jardins Suspendus, obra realizada um ano antes de Vieira da Silva e Arpad Szenes adquirem nacionalidade francesa, foi adquirida pelo Estado francês logo em 1955 e depositado no Museu Nacional de Arte Moderna, em Paris. Já Stèle (1964), obra produzida no ano em que a pintora foi distinguida com grau de comentadora da Ordem das Artes e das Letras e recebeu Grande Prémio Internacional de Pintura Bienal de S. Paulo, foi doada pela pintora ao Estado francês.
“O casal presidencial tem bom gosto e escolhe duas obras absolutamente notáveis, que são importantes e de extrema qualidade”, disse à Lusa Marina Bairrão Ruivo, diretora da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva.
Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes viveram grande parte da vida em França. A artista plástica, cuja abstração regeu a vastíssima obra e que teve a biografia traçada pela pena de Augustina Bessa-Luís (em 1982), nasceu em Lisboa a 13 de junho de 2008 e morreu em Paris a 6 de março de 1992. A sua primeira exposição individual ocorreu em Paris, em 1933, uma década depois de ter chegado à cidade. Quase três décadas volvidas após a sua morte, continua a ser a mais internacional artista plástica portuguesa.