Vários elementos identificados como funcionários da embaixada chinesa em Portugal montaram uma operação subversiva por forma a boicotar um encontro secreto da Internacional Catholic Legislators Network (ICLN), realizado nos últimos dias de agosto em Fátima – como de resto já havia sido avançado na edição do semanário SOL de 24 de agosto.
O encontro da ICLN – organismo fundado em 2010 – tem por objetivo promover os valores cristãos na política e dar «formação regular a políticos católicos e outros cristãos no ativo», como se pode ler no site da organização. O encontro anual realizou-se pela primeira vez fora do Vaticano e o Santuário de Fátima foi o local escolhido. Estiveram presentes cerca de duas centenas de participantes, entre os quais o chefe de gabinete de Donald Trump, Mik Mulvaney e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
Para além destes, estiveram ainda presentes dois deputados do Governo de Hong Kong, tal como o Cardeal Joseph Zen Zekiun. Os funcionários da embaixada chinesa teriam estes últimos como alvos – até porque o cardeal faz parte da lista dos dez maiores inimigos do Governo chinês. Outro objetivo seria perturbar a reunião – para tal, fotografaram e seguiram os seus participantes durante as orações feitas diariamente na capela da Basílica da Nossa Senhora do Rosário.
O embaixador norte-americano, George Glass, confirmou à revista Sábado estas tentativas de distúrbio: «Infelizmente, houve tentativas de perturbar o encontro, uma das quais testemunhei pessoalmente, por pessoas que queriam bloquear a participação do Cardeal Joseph Zen Zekiun, de Hong Kong».
Responsável pela segurança durante o evento, a Guarda Nacional Republicana (GNR) abordou, no hotel, um cidadão chinês sem documentos de identificação que foi levado para a esquadra. Mais tarde percebeu-se que este pertencia à embaixada da China em Portugal.
Este grupo de chineses intercetado pelas autoridades terá ligações com o casal chinês, que foi identificado quando tentava entrar no hotel onde os participantes se encontravam, ainda antes do início do ICLN, tal como o semanário SOL já havia adiantado na já referida publicação.
A Sábado acrescentou ainda que estas movimentações por parte dos diplomatas asiáticos estão a ser investigadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, que esclareceu ter tido «conhecimento de que estiveram funcionários da embaixada da China em Fátima, desconhecendo qual o seu intuito». O ministério refere ainda que «Portugal não estabelece restrições à movimentação de diplomatas acreditados no País, dentro do respeito pela lei e pela Convenção de Viena, estando a ser considerado se a deslocação cumpriu estes critérios».