A viúva do triatleta Luís Grilo reiterou esta terça-feira, no Tribunal de Loures, que o marido foi morto por “três indivíduos” devido a negócios relacionados com diamantes.
Durante o julgamento, Rosa Grilo começou por contar que a 16 de julho do ano passado, ainda antes das 08h00 da manhã, abriu a porta a três homens que entraram na casa do casal, no concelho de Vila Franca de Xira e começaram de imediato a agredi-la com "chapadas na cabeça" e tapando-lhe a boca, avança a agência Lusa.
A vítima terá descido do quarto e os homens “começaram a gritar” com o mesmo. Luís Grilo “ficou espantando e nada disse”. De seguida, os homens "começaram a perguntar pelas coisas deles, pelas encomendas deles", alegou a arguida.
"Eles não diziam o que eram, mas eu sabia que eram diamantes, pois eu e o Luís tínhamos falado semanas antes sobre isso", disse Rosa Grilo, acrescentando ainda que em abril ou março desse ano se apercebeu do "comportamento estranho, muitas vezes assustado e irritado" do triatleta.
A arguida disse ainda que, dois anos antes do crime, o marido começou a receber "encomendas no escritório, caixas pequenas, pacotes, de cor castanha", o que chamou a sua atenção uma vez que não era “habitual” ser ele a receber as encomendas.
Inicialmente Luís Grilo terá dito a Rosa Grilo que as encomendas se tratavam de suplementos, uma vez que era praticante de triatlo. Mas, numa fase em que andava mais “enervado”, acabou por contar à esposa que "recebia encomendas de diamantes para entregar a outra pessoa".
"Teria feito um disparate em relação a uma dessas entregas", alegou a viúva, sem especificar qual, e acrescentando que, ao longo de dois anos, o marido recebeu quatro encomendas, uma de seis em seis meses.
Questionada várias vezes pela presidente do coletivo de juízes sobre como é que se lembrava especificamente daquelas encomendas, a arguida apenas respondeu que foi o facto de ser o marido a recebê-las que "lhe fez despertar a atenção".
Rosa Grilo garantiu ainda que Luís Grilo foi morto à sua frente com dois tiros na cabeça. No entanto, o relatório da autópsia apenas refere "a entrada de um projétil".
Recorde-se que Rosa Grilo e António Joaquim, com quem manteria uma relação extraconjugal, começam esta terça-feira a ser julgados por homicídio.
O crime remonta a 2018, quando Rosa Grilo alertou para o desaparecimento do marido, que mais tarde veio a ser encontrado morto, num cenário compatível com atuação criminosa, e cujas investigações levaram à detenção da sua mulher e do seu alegado amante, António Joaquim.