No sábado passado jogaram-se as finais de singulares do 93.º Campeonato Nacional Absoluto/Taça Guilherme Pinto Basto.
A Federação Portuguesa de Ténis (FPT) delegou parte da sua organização na Associação de Ténis da Madeira (ATMAD) que recebeu o evento na renovada Quinta Magnólia, após um período de encerramento e de decadência.
A Quinta Magnólia integra um complexo de ténis histórico para Portugal. Norberto Santos, historiador do ténis português, que tem neste momento uma das suas exposições no Museu do Desporto, poderia explicar a importância que teve para a modalidade quando Nuno Marques se tornou no primeiro português a vencer um ATP Challenger, em 1989, naqueles courts madeirenses.
Era lamentável que este espaço desaparecesse e o presidente da FPT, Vasco Costa, prometeu ao presidente da ATMAD, João Pedro Mendonça, que o Campeonato Nacional regressaria à Região Autónoma se a Quinta Magnólia fosse recuperada.
É simbólico que a vitória de Nuno Marques tenha acontecido no mesmo ano de 1989 do lançamento de Field of Dreams, um filme com Kevin Kostner como protagonista, com uma frase marcante: «If you build it he will come».
É a história de um agricultor que ouve uma voz misteriosa que lhe diz que se construir um campo de beisebol na sua quinta ele virá. O campo é feito e fantasmas de grandes jogadores vão lá jogar. Milhares de pessoas acorrem e com a venda dos ingressos a quinta é salva da ruína.
Com o apoio do Governo Regional da Madeira, as obras fizeram-se, a Quinta Magnólia renasceu das cinzas e as estrelas do ténis nacional regressaram à Região Autónoma, com destaque para Fred Gil, um dos maiores vultos do ténis nacional.
Fred Gil tem outro peso simbólico. Em 2004 ganhou o primeiro dos seus três títulos de campeão nacional no Porto Santo, na única vez em que o Campeonato Nacional tinha saído do continente português.
Agora, o antigo finalista do Estoril Open volta a ser um padrinho da estreia da prova na outra ilha, na Madeira.
Em 2018 o Campeonato Nacional Absoluto/Taça Guilherme Pinto Basto tinha-se realizado no Clube de Ténis do Porto para comemorar os 50 anos de um clube que não recebia a prova desde 1992.
O peso da história e do prestígio deste torneio está a ser bem aproveitado pela FPT para distinguir efemérides, clubes e regiões que continuam a investir no ténis.
Um incentivo que não cai em saco roto. Veja-se como Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, já disse esta semana a Vasco Costa que gostaria de ter de volta à Madeira torneios internacionais em 2020.