O discurso já é sobejamente conhecido pelos adeptos de futebol em Portugal – benfiquistas e não só: Luís Filipe Vieira não se cansa de apregoar o sonho do Benfica campeão europeu, e de preferência com a espinha dorsal formada com jogadores criados no clube. A realidade, contudo, insiste em dar duras marteladas nas ilusões do presidente encarnado.
Dois jogos, duas derrotas: é este o triste pecúlio do Benfica de Bruno Lage na Liga dos Campeões. Depois do desaire a abrir a participação na prova (1-2 perante o RB Leipzig, na Luz), na última quarta-feira os encarnados saíram de Sampetersburgo vergados a um desaire que até acaba por ser lisonjeiro: 3-1 diante de um Zenit que nem precisou de forçar assim tanto para vulgarizar o campeão português – e isto, num jogo em que até estava em aberto a possibilidade de Portugal ultrapassar a Rússia no ranking da UEFA, caso o Benfica conseguisse o triunfo.
Não aconteceu – muito longe disso. O Zenit aproveitou a enorme passividade da equipa encarnada, nomeadamente em termos defensivos, e agravou ainda mais um registo que já vai sendo penoso: nos últimos 14 jogos que efetuou na Liga dos Campeões, o Benfica somou duas vitórias, ambas contra o AEK de Atenas, um empate (Ajax)… e 11 derrotas – há dois anos foi mesmo a pior equipa em prova (e a pior portuguesa de sempre), com seis desaires noutros tantos encontros. Alargando o espectro a toda a presidência de Luís Filipe Vieira (desde 31 de outubro de 2003, portanto), o Benfica soma 40 derrotas em 88 jogos, tendo conseguido o apuramento para a fase eliminar apenas quatro vezes em 12 tentativas.
E nem o resultado do outro jogo do grupo ajudou. O Lyon foi à Alemanha vencer o Leipzig (0-2) e baralhou as contas do grupo: os franceses e os russos, que empataram na primeira ronda (1-1), ocupam os lugares de apuramento, com quatro pontos, com o Leipzig a somar três e o Benfica zero.
A ronda ficou ainda marcada pelo primeiro golo de João Félix na prova, na vitória do Atlético de Madrid frente ao Lokomotiv, em Moscovo (0-2). O internacional português tornou-se o mais jovem de sempre a marcar pelos colchoneros na Champions, superando a marca detida até aqui por Aguero. Quem também faturou foi Cristiano Ronaldo, a fechar as contas no triunfo da Juventus sobre o Bayer Leverkusen: 3-0.