Encostadas contra a parede, as Forças Democráticas Sírias – lideradas pelo YPG, as milícias curdas – firmaram uma aliança com as forças do regime de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia, para conter a invasão turca do seu território. Tudo na sequência do anúncio de retirada das restantes tropas norte-americanas do terreno, no passado domingo. Teme-se ainda o ressurgimento do Estado Islâmico na região.
Segundo os relatos da imprensa estatal do regime, o Exército de Bashar al-Assad tomou a vila de Tel Tamer no nordeste do país. É a primeira vez que as forças do ditador sírio entram na região nos últimos cinco anos, sinalizando uma mudança no equilíbrio de poder – durante anos o território foi controlado pelas milícias curdas, responsáveis pela expulsão do Estado Islâmico daquela parte do território. Tel Tamer é uma área estratégica, que interliga o nordeste da Síria com o centro-norte, Alepo. O foco da ofensiva turca, a vila Ras al-Ain, fica apenas a 32 quilómetros.
De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, Assad enviou um destacamento militar para a vila Ain Issa, muito perto das linhas de combate e da “zona segura” proposta por Recep Tayyip Erdogan, Presidente da Turquia. Ain Issa era também casa de 785 pessoas afiliadas a combatentes doEstado Islâmico, que fugiram do campo de detenção da vila, controlado pelos curdos. Segundo estes, a necessidade de destacar os guardas para as linhas de combate desfalcou o campo de detenção, resultando na fuga dos apoiantes do Estado Islâmico.
O acordo entre Damasco e os curdos foi anunciado no domingo, depois de Washington ter comunicado a completa retirada das tropas que ainda estavam no terreno. A Administração Autónoma do Norte e do Leste da Síria, liderada pelos curdos, justificou o acordo, em comunicado, com o dever de “proteger a sua fronteira e soberania”. “Este acordo oferece uma oportunidade de libertar o resto dos territórios e cidades sírias, ocupadas pelo exército turco” – como Afrin, por exemplo.
No passado sábado, imagens gravadas por telemóvel mostravam o Exército Sírio Livre a executar nove civis, incluindo uma política curda. Em relação à fuga de pessoas associadas ao Estado Islâmico, Donald Trump sugeriu esta segunda-feira, pelo Twitter, que os “curdos podem estar libertar” algumas pessoas para “envolver” os norte-americanos.