A força da China sente-se no ténis

A China tomou o lugar do Japão como a maior potência económica (não desportiva) regional no ténis mundial. Consolidou-se, entretanto, como a terceira maior potência económica do ténis a nível mundial, depois da Europa e dos Estados Unidos.

A China investe no ténis há mais de duas décadas, com capitais públicos e privados, e neste momento, a modalidade sofreria uma recessão sem o apoio do ‘império do meio’.

Em 2019 no calendário do ATP Tour (circuito masculino) há quatro torneios que distribuem um total de 12,882 milhões de euros em prémios monetários: Chengdu, Zhuhai e Pequim em setembro; e Xangai, que terminou domingo.

No circuito WTA (feminino), existem 10 torneios que oferecem um bolo de 28,263 milhões de euros de ‘prize-money’: Shenzhen em dezembro; Anning em abril; Zhengzhou, Nanchang, Guangzhou, Wuhan e Pequim em setembro; Tianjin e Zhuhai em outubro; e de novo Shenzhen em novembro.

Nesta quantidade há muita qualidade e merecem destaque quatro eventos: o torneio masculino de Xangai, um Masters 1000, ou seja, um dos mais importantes torneios do mundo, só superado pelos quatro Majors e pelo Masters (em Londres); o torneio feminino de Shenzhen, o verdadeiro Masters (só os quatro do Grand Slam são-lhe superiores), com um recorde de prémios de 12,699 milhões de euros; O torneio feminino de Zhuhai, o chamado Masters-B; e o torneio feminino de Pequim, um dos únicos quatro da categoria de Premier Mandatory, que em importância só são inferiores aos Majors e ao Masters.

Se no início sentiu-se que o investimento chinês no ténis devia-se ao desejo lutar por medalhas olímpicas, sobretudo tendo em vista os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, muito rapidamente percebeu-se que tornou-se também numa bandeira da expansão económica do país e de mais fácil integração do seu sistema político no sistema económico internacional. Um país com dois sistemas também parece funcionar neste caso.

A título de comparação, o único outro país com dimensão continental que rivaliza com a China no ténis são os Estados Unidos, com 12 torneios no circuito WTA e 11 no ATP Tour, com a vantagem de o Open dos Estados Unidos ser um torneio do Grand Slam.

A China tomou o lugar do Japão como a maior potência económica (não desportiva) regional no ténis mundial. Consolidou-se, entretanto, como a terceira maior potência económica do ténis a nível mundial, depois da Europa e dos Estados Unidos.

E agora surgem rivalidades internas. Pequim, Xangai e a chamada Guangdong-Hong Kong-Macau Greater Bay Area (que integra Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen, Huizhou, Zhaoqing, Hong Kong e Macau) lutam entre si pelo domínio económico e prestígio internacional.

O ténis está a beneficiar desta concorrência, mas um dia a força económica da China terá um impacto no poder político da modalidade.