Morreu esta terça-feira, aos 40 anos, a atleta paralímpica Marieke Vervoot. A belga, que sofria de tetraplegia progressiva, colocou um ponto final nos tratamentos e optou pela eutanásia, no seu país.
Foi aos 14 anos que Vervoot recebeu o diagnóstico. Desde sempre apaixonada pelo desporto, aos 20 anos teve de se adaptar a uma cadeira de rodas, depois de ficar com a metade inferior do corpo paralisada. Mas nem isso a impediu de continuar ativa. Depois de treinar basquetebol, praticou triatlo e viria então a chegar às corridas de curtas distâncias, o desporto em que deu que falar.
Além dos recordes nacionais e europeus, Marieke Vervoot foi campeã em mundiais e conquistou quatro medalhas nos Jogos Paralímpicos. Foi nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, que se despediu da competição, depois de já ter tornado pública, no mesmo ano, a sua intenção de recorrer à eutanásia.
"A qualquer momento, posso pegar nos papéis e dizer 'basta!'. Quero morrer. Dá-me tranquilidade quando sinto muita dor. Não quero viver como um vegetal", disse, em entrevista ao jornal espanhol El País, antes dos Jogos do Rio, depois de obter permissão dos médicos belgas para a eutanásia.
A decisão, de afastar “o fantasma da dor terminal”, como a própria dizia, parece ter sido adiada várias vezes, até esta terça-feira.
Nas redes sociais, Vervoot costumava partilhar com os seus seguidores alguns episódios pessoais. No verão visitou Lanzarote, onde gostava que fossem deixadas as suas cinzas, e, já depois de escolher uma data para o dia da sua morte, foi co-piloto a bordo de um Lamborghini num circuito, com os pais e os cães a assistir.
“Realizei muitos sonhos na minha vida. Este é o último", escreveu, na altura.
Três dias antes de morrer, a belga partilhou a última fotografia nas redes sociais.
"Não consigo esquecer as boas recordações", escreveu na legenda da imagem, onde surge na sua cadeira de competição.