Os moradores do Prédio Coutinho, no centro da cidade de Viana do Castelo, continuam a não ceder às pressões para saírem das suas próprias residências.
Desde o início do verão, antes da tentativa de despejo camarário, mantêm-se abertas e a baterem permanentemente ao vento e à chuva, as janelas de vários apartamentos, num estrondo constante, quase todas situadas paredes-meias com as das famílias que ainda resistem, porque segundo referem, «as árvores também morrem de pé».
«Esta situação verifica-se desde julho para criar desânimo e tornar os espaços gélidos e desconfortáveis, situando-se, curiosamente, as janelas que estão em permanente bater, entre os apartamentos do meu pai e do Coronel Santos», revelou ao SOL Joaquim Correia, o porta-voz da revolta, acrescentando que «há ao lado dos apartamentos da Dona Ivone e da Dona Armanda, janelas abertas e a fazerem corrente de ar, um autêntico ‘bullying’ que têm feito aos moradores a toda a hora e a todo o momento, como quando no verão começaram a bater com os camartelos apenas nas casas ao lado daquelas que estavam e ainda estão aqui ocupadas».
Joaquim Correia, filho do octogenário Agostinho Correia, o habitante mais idoso, contou ao SOL que continuam a viver no prédio «os mesmos resistentes»: «Não cedeu ainda ninguém desse que no verão procuraram de uma forma selvagem correr com as pessoas das suas próprias casas».
Dos três elevadores do prédio com 13 andares, só um funciona e nem sempre. A 20 de setembro esse elevador avariou, tendo sido reparado ao fim de dois dias: «O meu pai e o Coronel Santos [Capitão de Abril] tinham de subir a pé mais de 90 degraus para voltarem às suas casas», recordou o filho de Agostinho Correia.
Segundo Joaquim Correia, «até os seguranças se foram embora, porque os desgraçados estiveram aqui três meses e não recebiam da empresa, com sede no Porto».
A Câmara Municipal de Viana do Castelo e a Viana Polis, questionadas pelo Sol esta quarta-feira sobre a situação atual do prédio não responderam até ontem. A luta dos moradores ganhou esta semana um novo fôlego, com a aceitação pela Assembleia da República das assinaturas de 4.595 pessoas que subscreveram a petição pública ‘Vamos Salvar o Prédio Coutinho’.