O empresário Domingos Névoa prepara-se para comprar a outra metade da Bragaparques, que o sócio Manuel Rodrigues ainda detém, dispondo agora este do prazo de quatro meses para negociar a venda das suas ações ao seu sócio. Um novo período de negociações aceite por Névoa para tentar evitar o recurso aos tribunais de modo a exercer o seu direito de aquisição, como acordado entre ambos.
Tal como o SOL tem vindo a noticiar, Névoa e Rodrigues decidiram separar os negócios e as empresas, pelo que havia a passar de um para o outro as respetivas metades das ações da Bragaparques, mas os diferendos começaram logo com a avaliação da empresa, que Rodrigues diz valer 210 milhões de euros e Névoa entende que vale somente 130 milhões.
Por isso, os dois sócios optaram por uma solução salomónica: quem oferecesse mais, no caso Rodrigues, tinha a preferência de primeiro dispor de meio ano para pagar metade do que avaliara (105 milhões), a fim de ficar com os 50 por cento da Bragaparques de Névoa, mas, caso não conseguisse comprar nesse prazo, passaria Névoa a ter o mesmo período para comprar a Rodrigues a metade que este detém, mas de acordo com a sua avaliação (ou seja, 65 milhões de euros, que corresponde a 50% de 130 milhões).
Manuel Rodrigues nunca conseguiu comprar a metade de Névoa, desde logo porque em meados de dezembro do ano passado estava impedido judicialmente de realizar o negócio por haver uma ação em tribunal, interposta pela DST, uma providência cautelar, que questionava a cisão da empresa de águas, participada pela Bragaparques, pelo que a escritura «seria um ato inútil e ilegal», segundo Névoa, considerando a sua marcação como «uma encenação».
O caso mudou de figura quando em finais de abril deste ano, Domingos Névoa conseguiu remover a impossibilidade de venda da empresa das águas, por acordo que alcançou com a DST, momento a partir do qual Manuel Rodrigues passou a ter condições legais para comprar a Névoa 50% da Bragaparques, o que não fez, por não ter capacidade financeira para pagar 105 milhões a Névoa – que face aos prazos contratuais acordados entre ambos e às sucessivas prorrogações esgotadas, passou a ter direito de comprar a Rodrigues a metade deste da Bragaparques segundo a avaliação que havia feito (65 milhões).
Num outro acordo, entre Domingos Névoa e Manuel Rodrigues, este último reconheceu também «a validade de todos os contratos anteriormente celebrados, assim como de todos os movimentos financeiros e atos da administração das empresas», isto é, Rodrigues afinal deixou de questionar o que alegara, na véspera, numa entrevista à Sábado, em que se queixava de Névoa ter transferido para uma sua conta 850 mil euros da Bragaparques, a verba que Névoa tinha recentemente adiantado à empresa de parques de estacionamento.