A família de uma mulher de 43 anos acusou o Hospital de Chaves de negligência e abandono, depois de Lícinia Moreira ter morrido, na quarta-feira. De acordo com os familiares, a vítima não foi devidamente alimentada e não lhe foi dada a medicação para a sua doença.
A mulher entrou nas urgências do hospital no dia 18 de outubro, onde ficou internada até ao dia 21, devido a uma crise de ataques epiléticos. No mesmo dia em que teve alta, a mulher regressou às urgências.
"Quando regressou ao hospital, na segunda-feira à noite, no mesmo dia em que teve alta, não foi internada, ficou nas urgências, num corredor toda a noite, e no dia seguinte já tinha a carta da alta para voltar para casa", revelou a irmã, Rosa de Sousa à agência Lusa.
A mãe de Licínia recusou-se a aceitar a alta da filha, por considerar que esta não se encontrava bem para abandonar o hospital e insistiu que esta permanecesse na instituição. Através da assistência social, a mulher acabou por ficar internada nas urgências.
"Ela quando tinha estes ataques ficava transformada, agressiva e não reconhecia ninguém, mas com o tratamento adequado, voltava sempre ao normal, pois ela fazia uma vida como outra pessoa qualquer", garante a irmã.
A família insiste que Lícinia não teve a devida atenção durante o segundo tratamento, o que acabou por levar à sua morte. "A minha mãe perguntou a um enfermeiro se lhe tinham dado de comer e a medicação para a epilepsia e a resposta foi que não", revela Rosa de Sousa.
Os familiares da vítima pediram várias vezes no hospital para a mulher ser transferida para o Hospital de Vila Real, para ser acompanhada por um neurologista, no entanto, a instituição nunca acatou os pedidos.
"Na terça-feira, um médico recusou-se mesmo a vê-la por ela já ter alta e houve ainda um médico que disse à minha mãe que isto não era um hotel", acrescentou Rosa de Sousa.
Na quarta-feira de manhã, Licínia acabou por morrer, depois de se sentir mal na casa-de-banho. Para os familiares, as circunstâncias da morte ainda não são claras e afirmam que houve negligência por parte do hospital e dos especialistas que lidaram com Licínia.
Rosa de Sousa garante que irá avançar com uma queixa contra o hospital, pois acredita que a instituição está a "encobrir algo". "Ela foi abandonada, não teve os tratamentos necessários e vamos até às últimas consequências para que nenhuma família tenha de sofrer com estas situações", garantiu.
A administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, responsável pelo Hospital de Chaves declarou " a abertura de um processo de averiguação interna para apuramento de factos" e "lamenta o falecimento da utente em causa, endereçando as sentidas condolências à família", citada pela agência Lusa.
"A minha mãe perguntou a um enfermeiro se lhe tinham dado de comer e a medicação para a epilepsia e a resposta foi que não", revela Rosa de Sousa.