Em agosto Rafael Nadal passava as primeiras rondas do US Open que acabaria por ganhar, quando foi questionado, no Arthur Ashe Stadium, sobre um famoso que deveria estar em Flushing Meadows, mas que, em contrapartida, jogava na terra do campeão espanhol, a disputar um challenger.
Rafa teve pudor em dizer que o torneio fora batizado com o seu próprio nome – Rafa Nadal Open By Sotheby’s – mas foi bastante eloquente a desejar a melhor sorte ao seu amigo Andy Murray.
Para os menos atentos poderá ter sido uma surpresa, mas o duplo campeão olímpico, ex-vencedor da Taça Davis, triplo titulado em torneios do Grand Slam e n.º1 mundial de 2016, que mereceu da rainha Elizabeth II o título de Sir, desapareceu do ranking do ATP Tour devido a uma grave lesão na anca.
Em janeiro, no Open da Austrália, pensou que não voltaria a competir e anunciou que ou curava a lesão ou pendurava de vez as raquetas. Um vídeo com mensagens dos grandes campeões da sua era passou nos ecrãs da Rod Laver Arena com mensagens de conforto, admiração, respeito e incentivo para o futuro.
Murray chorou na conferência de Imprensa em Melbourne. Pensava que tudo terminara. No domingo passado voltou a chorar, desta feita de alívio e de alegria.
Afinal, a dupla operação à anca resultou, a prótese parece estar a aguentar e, como escreveu o L’Équipe, «nove meses depois de ter regressado ao circuito para jogar pares, dois meses depois de ter voltado aos courts para os singulares», regressou aos títulos.
O escocês conquistou o European Open, em Antuérpia, apenas um ATP 250 como o Millennium Estoril Open, mas que ele admitiu ser um dos maiores títulos da sua carreira.
Foi o primeiro desde o obtido no Dubai em fevereiro de 2017. Era então o n.º1 do Mundo. No domingo era o 243.º, a pior classificação de um campeão de torneios do ATP Tour desde Pablo Andújar em Marraquexe, em 2018.
Para Sir Andy, pouco importa ter subido ao 127.º lugar do ranking. Poderá ter todos os convites para os torneios que quiser. E para quem já tinha 45 títulos ter um 46.º é pouco relevante.
O que realmente mudou foi a crença de que o corpo está a suportar as exigências da alta competição. Em Antuérpia jogou mais de sete horas e foi o seu quarto torneio seguido sem parar. Em quatro semanas fez 12 encontros, nove deles em três sets e não sentiu qualquer dor.
Foi poético que na final, Murray, de 32 anos, tenha derrotado outro grande campeão, Stan Wawrinka, de 34, também ele após dupla operação a um joelho, numa altura em que só se fala dos jovens lobos. Estará o Big-5 de volta?