José Sócrates atacou esta quarta-feira o procurador Rosário Teixeira à chegada ao Tribunal Central de Instrução Criminal, referindo que pensava que os procuradores tinham apenas o propósito de defender a Justiça e a legalidade. Ontem, questionado à porta do tribunal sobre as acusações que Sócrates tem feito ao Ministério Público durante o interrogatório, Rosário Teixeira disse apenas: “O senhor engenheiro diz o que quiser. E, no fim, a gente faz contas”.
Hoje, apesar de não falar sobre a operação Marquês, José Sócrates aproveitou a presença das televisões no TCIC para mandar um recado, afirmando que a declaração do magistrado foi “infeliz e imprópria”. E acrescentou que tais declarações são “reveladoras do que esteve na base deste processo: uma certa motivação pessoal”.
Minutos depois, quando Rosário Teixeira chegou ao tribunal e foi questionado pelos jornalistas disparou: “Ouviram o que eu disse e não tem nada a ver com ajuste de contas. É uma expressão comum”. O procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal acrescentou ainda que o “Ministério Público tem de sustentar a acusação nesta fase” de instrução, até porque “é o que está na lei”. Reforçou ainda que “os processos tem as suas fases e no fim é que as coisas são apreciadas”, deixando claro que era a isso que se referia quando disse que “no fim a gente faz as contas”.
Recorde-se que ao juiz Ivo Rosa, José Sócrates tem dito que a acusação de Rosário Teixeira é alucinante e mentirosa.
O interrogatório recomeça hoje às 14h.
O que disse Sócrates ontem
Ontem, José Sócrates terá garantido que não só não nomeou Armando Vara para a administração do banco público, como ainda mostrou relutância à decisão de Teixeira dos Santos – uma versão que já tinha sido dada por este último.
Sobre Joaquim Barroca terá afastado a ideia de ser uma pessoa conhecida, algo que a defesa do ex-administrador do Grupo Lena considerou ter sido mais um passo na demonstração de inocência do seu cliente.
Caso Marquês
O Ministério Público, através do departamento que investiga a criminalidade mais complexa – o DCIAP –, acusou 28 arguidos, 19 pessoas singulares e nove pessoas coletivas, no âmbito da designada Operação Marquês, em 2017 . José Sócrates está acusado de crimes de corrupção passiva de titular de cargo político (três crimes), branqueamento de capitais (16 crimes), falsificação de documento (nove crimes) e fraude fiscal qualificada (três crimes). A instrução é uma fase facultativa cuja abertura é pedida pelos arguidos e na qual um juiz de instrução, neste caso Ivo Rosa, decide se há ou não indícios suficientes para se avançar para julgamento, como defende a acusação.