Por se tratar de um processo de extrema complexidade, os arguidos do caso de Tancos têm agora mais um mês para apresentar a respetiva defesa. A decisão de prolongar o prazo foi do juiz de instrução criminal João Bártolo e surgiu depois dos pedidos de alguns dos advogados dos 23 arguidos do processo.
A defesa tem até ao dia 25 de novembro para pedir a abertura de instrução do processo, segundo avançou ontem o jornal Expresso. Para já, não se sabe se os arguidos vão pedir todos a abertura de instrução, mas tendo em conta que a acusação só foi conhecida no passado dia 25 de setembro e o processo conta com mais de 40 volumes, os advogados consideraram ser impossível ler toda a documentação no espaço de um mês.
O dia 25 de novembro é então o prazo-limite para pedir abertura de instrução e só depois da fase de instrução se ficará a saber quais os arguidos que são levados a julgamento.
Neste momento estão em prisão preventiva oito dos 23 arguidos, entre eles João Paulino, considerado o mentor do assalto ao paiol de Tancos. Além do ex-fuzileiro, constam da lista Filipe Sousa, António Laranginha, João Pais, Fernando Santos, Pedro Marques, Gabriel Moreira e Hugo Santos. Todos estes oito acusados são suspeitos de terem participado diretamente no assalto e estão acusados pelo Ministério Público, entre outros crimes, de terrorismo, associação criminosa e tráfico e mediação de armas.
Entre os arguidos está também o antigo ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes, que é agora um dos suspeitos da encenação do aparecimento do material roubado.
Dois processos: o roubo e o aparecimento
A história começou em junho de 2018 quando o material militar, incluindo armas e munições, desapareceram do paiol da base militar de Tancos. Em outubro do mesmo ano, parte do material furtado foi encontrado pela Polícia Judiciária Militar (PJM) num terreno na zona da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos. Este caso levou à abertura de dois processos: um para investigar o roubo das armas e outro para investigar o seu aparecimento.
Ao mesmo tempo que a Polícia Judiciária investigava o caso do desaparecimento, a PJM terá entrado em contacto com os responsáveis pelo assalto e negociado para recuperar as armas – o objetivo seria dar os louros da investigação à PJM e não à Polícia Judiciária. Aliás, de acordo com a acusação do Ministério Público, o ex-chefe da Casa Militar do Presidente da República, tenente-general João Cordeiro, estava a par de tudo no caso de Tancos – nomeadamente das negociações entre as chefias da Polícia Judiciária Militar (PJM) e os autores do assalto aos paióis, como também a encenação da recuperação e ‘achamento’ das armas três meses depois, na Chamusca.