O Serviço de Emergências de Madrid, Suma 112, está a ser acusado de negligência na morte de um jovem. O caso ocorreu em 2018. A mãe de Aitor, um jovem de 18 anos, ligou para o serviço de emergência a pedir ajuda, quando se apercebeu de que o seu filho não conseguia respirar. O médico que atendeu a chamada não acreditou na palavra da mulher e obrigou-a a passar o telefone ao filho. “Mas o meu filho não consegue respirar”, disse Carmen Ruiz. O médico continuou a insistir com a mãe do jovem e a mulher acabou por aceder ao pedido.
Aitor tinha dificuldades em respirar e em falar. "Afogo-me… não posso", ouve-se no áudio obtido pelo jornal "El Mundo" e publicado online. O médico continuou a descredibilizar a palavra de Aitor. "Não me parece que te afogues. Estás nervoso ou algo?", pergunta à qual o jovem disse que não.
Ao falar com Carmen, o médico disse que Aitor estava a respirar "perfeitamente" e para esta não se preocupar, desligando a chamada. Aitor acabou por morrer no hospital, quatro dias depois, vítima de uma embolia pulmonar.
"Não entendi nada. O meu filho estava a ficar azul e o médico responde assim", disse Carmen Ruiz. "Ainda por cima obrigou-me a passar o telefone ao meu pobre filho, que gastou o pouco ar que lhe restava a dizer que se estava a afogar", recorda a mãe do jovem.
"Quando o meu filho me passou o telefone de volta perdeu a consciência definitivamente. Não voltou a abrir os olhos", contou. O filho de Carmen entrou em paragem cardiorrespiratória e quando uma ambulância chegou a casa dos Ruiz – depois de outra chamada, visto o primeiro médico não ter acionado o serviço de emergência – o jovem já estava em morte cerebral. De acordo com o médico que seguiu o jovem nos seus últimos dias de vida, já era tarde demais. "O médico disse-nos que passou demasiado tempo sem oxigénio no cérebro", conta Carmen Ruiz.
Apesar dos especialistas terem descoberto que o jovem tinha um trombo num pulmão, que provocou uma embolia, os pais de Heitor dizem que o jovem morreu por causa dos 23 minutos que esteve em morte cerebral.
"Não podemos ter a certeza de que o meu filho poderia ter sobrevivido, mas é certo que perdeu a oportunidade de viver", disse Bartoloméu Ruiz, o pai de Aitor.
Os pais do jovem exigem uma indemnização de 175 mil euros à Comunidade de Madrid, que recusa qualquer responsabilidade. "A Comunidade de Madrid não só recusa assumir as responsabilidades, como nem sequer identifica os médicos que participaram na peripécia", argumentou Carlos Sardinero, advogado da Associação da Defesa dos Pacientes, e que representa os pais de Aitor.
"Era o meu único filho. Um miúdo estupendo: carinhoso, trabalhador, muito bom, que jamais arranjou um problema", desabafou Carmen. "Não nos move o dinheiro. Queremos que mudem os protocolos, para que algo assim não se repita, porque nada nos devolve o nosso filho".