Dos meandros da Web Summit de Lisboa, onde todos se acotovelaram para adivinhar quem seria a próxima startup em ascensão entre as mais jovens empresas e os mais jovens empresários, emergiu o Crédito Agrícola, um grupo com origens históricas no século XVI, que, hoje, promete concorrer com as mais inovadoras empresas da área das fintech do mercado global.
As origens do Crédito Agrícola remontam aos Celeiros comuns, pioneiros no século XVI pelo estabelecimento de crédito destinado a apoiar os agricultores em anos de fraca produção, através de um adiantamento em sementes, mediante o pagamento de um determinado juro liquidado em géneros. Mais tarde, a Misericórdia iniciou um processo de empréstimos aos agricultores. Desta dupla origem, celeiros e Misericórdia, surgiu a formalização das atividades das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo, na sequência da implantação da República.
Hoje, o Crédito Agrícola, um grupo português com mais de 100 anos, lança o moey!, uma aplicação (app) destinada providenciar um banco digital ao segmento da população urbano entre os 25 e os 40. É um banco sem balcões nem call centers, onde se procura uma experiência para o utilizador semelhante à utilização de uma rede social como o Facebook, segundo o diretor do moey!, Ricardo Madeira.
Por um lado, é animador ver uma empresa portuguesa de séculos na conquista de espaço num mercado com um ilimitado potencial. O fascínio da transformação digital promete não só facilitar a vida a todos, como potenciar o crescimento de pequenas economias nacionais muito além das suas fronteiras. Por outro lado, este entusiasmo carrega a preocupação latente do processo de transformação digital: os custos reduzidos da operação decorrem de não serem necessários funcionários.
O mundo digital é a promessa da nossa geração e aponta caminhos de crescimento económico significativo, fundamentais para economias pequenas e criativas como a portuguesa. No entanto, comporta uma alteração laboral que, mais cedo ou mais tarde, temos de ter coragem para enfrentar com bom senso e determinação. Se, por um lado, nunca foi benéfico travar progressos tecnológicos que podem contribuir para a qualidade de vida das populações, por outro lado, nenhuma geração pode ficar para trás. Esta é a equação a resolver para construir a melhor hipótese de futuro.