Comissão investiga Polígrafo

O SOL noticiou na semana passada o envolvimento do jornalista e diretor do Polígrafo, Fernando Esteves, com o Hospital Santa Maria e no processo da Máfia do Sangue. A CCPJ está a investigar os casos.

A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) está a investigar a situação de Fernando Esteves, jornalista e diretor do Polígrafo. Em causa estão as notícias recentes sobre o envolvimento do jornalista em atividades que levantam dúvidas de compatibilidade com o exercício da profissão de jornalista.

Recorde-se que, na edição da semana passada, o SOL havia noticiado que Fernando Esteves tinha beneficiado há um ano de um ajuste direto do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, para a elaboração de livros, no valor de quase 25 mil euros.

Apenas 11 dias depois desse benefício, o Polígrafo – site de fact-checking que agora tem parceria com a SIC e um programa com o mesmo nome – fez um artigo favorecendo o Hospital de Santa Maria.

Este órgão de informação destinado a verificar a veracidade das notícias procurava responder  às questões relativas à greve dos enfermeiros dos hospitais públicos que estava na altura em curso, nomeadamente se estariam ou não a «morrer doentes no maior hospital do país por falta de comparência dos enfermeiros nos blocos operatórios», como tinha afirmado o bastonário da Ordem dos Médicos

Carlos Martins, presidente do Concelho de Admnistração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHLN), respondeu ao Polígrafo dizendo que «afirmar taxativamene que estão a morrer pessoas por causa da greve dos enfermeiros é manifestamente infundado». Contudo, admitiu que «do ponto de vista abstrato se pode dizer que perante uma greve a probabilidade de as pessoas morrerem aumenta» e que com a desmarcação de cirurgias a qualidade de vida dos doentes diminuía.

Perante isto, o Polígrafo acabou por favorecer a unidade hospitalar, levantando assim a questão de saber se este estaria em condições de isenção para fazer esta avaliação, após o ajuste direto firmado anteriormente pelo próprio Carlos Martins.

 

Apanhado na Máfia do Sangue

Além deste envolvimento com o Hospital de Santa Maria, o nome de Fernando Esteves surgiu ainda na semana passada envolvido no processo conhecido como Máfia do Sangue, por ser sócio de uma empresa que prestou serviços de consultoria aos dois principais arguidos do processo, ou seja, a Paulo Lalanda e Castro e Luís Cunha Ribeiro.

De notar que a prestação de serviços de consultoria está proibida na profissão de jornalista (código deontológico), sob pena de perda da carteira profissional.