Já celebrou um século de vida, isto em 2016, data em que o museu Grão Vasco, em Viseu, foi elevado a museu Nacional. Desde então que o Grupo de Amigos do Museu Grão Vasco (G.A.M.U.S.) continua a lutar para dar mais visibilidade a este que é não só um dos postais da cidade como o guardião de uma importante coleção da história da pintura portuguesa.
«Estamos no centro do país, no interior. Gostávamos que as pessoas parassem mais em Viseu para ir conhecer o Museu Grão Vasco. As pessoas conhecem o nome, sabem o que é, mas pela nossa experiência muitas ainda não entraram lá. E esse é o nosso objetivo», começa por contar Sandra Ferraz, dirigente do G.A.M.U.S desde 2018.
Na tentativa de continuar a chamar mais gente ao Grão Vasco, o G.A.M.U.S vai dar mais um passo: é hoje apresentada a comissão de honra do museu, que será, a convite do organismo, presidida por um outro amigo e fã assumido da cidade: Paulo Gonzo. «Na comissão de honra só haverá um presidente, que dá a cara, o corpo e a voz ao projeto», explica a presidente do G.A.M.U.S que tem tentado, através destas iniciativas diferentes, dar um outro palco ao «único museu nacional da Beira Alta».
«Queremos, com este convite, dar mais visibilidade ao museu», continua a antiga bailarina da Gulbenkian e professora de ballet há 27 anos. A escolha do cantor justifica-se de forma simples: «O Paulo tem raízes em Sátão, e foi lá cantar em 2009. Ficámos em contacto desde então, e daí surgiu esta ideia».
Ao b,i., Paulo Gonzo conta que recebeu o convite com surpresa, mas aceitou-o com satisfação. «Os meus pais têm ligações àquela zona, têm uma casa perto da casa-museu Aquilino Ribeiro», diz o cantor. «Adoro a cidade, a zona histórica, e o museu é, do meu ponto de vista, extremamente relevante e deve ter o lugar que merece», explica.
Para lá das ligações familiares, Paulo Gonzo vem construindo há muito uma relação com a cidade. «Comecei a tocar lá há muitos anos, no The Day After», recorda o cantor, evocando a icónica discoteca da cidade que reabriu este ano. «Para mim é a melhor cidade do mundo, com as melhores castanhas, as melhores avelãs, vinhos, cogumelos, tudo», graceja, juntando à narrativas os encantos que foi encontrando na Beira Alta e dos quais já não abdica – e aqui se junta a pesca das trutas no rio Paiva, que também pratica.
Voltando à arte e à história, Paulo Gonzo e Sandra Ferraz não adiantam as parcerias que aí vêm nem os nomes convidados a integrar a comissão de honra, mas prometem que, nos próximos tempos, vão continuar a divulgar o trabalho do Museu.
Arte russa e as vantagens de ser amigo
Instalado no edifício do Paço dos Três Escalões, ao lado da Sé, no centro histórico de Viseu, o museu Grão Vasco é um ícone na cidade. «Um conjunto notável de pinturas de retábulo, provenientes da Catedral, de igrejas da região e de depósitos de outros museus, da autoria de Vasco Fernandes (c. 1475-1542), o Grão Vasco, de colaboradores e contemporâneos», nota a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) na sua página, recordando que o edifício foi intervencionado por Souto Moura em 2001.
Também a partir deste sábado, o espaço vai receber a exposição Sob o Manto de Nossa Senhora. Coleções de Arte Russa em Portugal, organizada juntamente com a Fundação D. Luís I e a Direção Geral do Património Cultural e que segue para Viseu depois de ter estado patente em Lisboa no Museu de São Roque.
A exposição terá entrada livre e ficará no museu até 2020, mas os interessados em visitar não só o Grão Vasco como outros museus nacionais podem encontrar no G.A.M.U.S um aliado de peso: quem se tornar associado terá acesso livre aos 24 museus nacionais tutelados pela DGPC (entre os quais, a título de exemplo, o Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu Nacional dos Coches em Lisboa; ou o Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto) e ainda à fundação Serralves – e respetivo parqueamento.
A quota anual custa 15 euros, mas «só uma entrada em Serralves custa isso», recorda Sandra Ferraz.
De momento, o G.A.M.U.S – para lá de uma direção de voluntários composta por enólogos, jornalistas, artistas plásticos, engenheiros florestais, advogados , marketeers e técnicos de turismo – conta com cerca de 400 associados. São quase mais trezentos membros do que no ano passado, mas este é um número ainda longínquo dos tempos áureos deste grupo, formado em 1985. «Chegaram a ser mais de mil», recorda Sandra Ferraz. «Vestimos a camisola e movemo-nos pela arte, vamos continuar a trazer gente para esta que é uma referência da identidade local». Grão a grão, o Grão Vasco está a recuperar os seus mecenas.