O antigo coordenador de segurança e operações da Academia de Alcochete foi ouvido, esta segunda-feira, no tribunal de Monsanto, em Lisboa. Durante a sétima sessão do julgamento ao ataque à academia do Sporting, Ricardo Gonçalves confessou, segundo o jornal Públicou, que houve ameaças de morte, agressões e injúrias a jogadores do Sporting, entre os quais os argentinos Acuña e Battaglia terão sido os principais alvos. "Faziam ameaças como ‘vou-te matar, não vales nada, não jogas nada, não vão sair daqui vivos', afirmou o antigo responsável pela segurança da academia do Sporting.
Ricardo Gonçalves afirmou ainda, segundo a mesma publicação, desconhecer a ida do grupo organizado de adeptos ao local no dia do ataque e que, durante o trajeto dos agressores até ao balneário, ainda os tentou travar, porém, foi ameaçado. “Observei ainda os diversos elementos abordarem os jogadores, empurrões, agressões, ameaças, deflagração de engenhos pirotécnicos. Deflagrou uma tocha à minha frente. O preparador físico Mário Monteiro foi atingido. Vi uma geleira a voar pelo ar e um depósito de água. Vi uma série de indivíduos a empurrá-los e a soqueá-los [aos jogadores], um indivíduo a atingir com um cinto o Misic e confusão”, descreveu.
A pedido do coletivo de juízes, presidido por Sílvia Pires, apontou os quatro elementos da claque Juventude Leonina com responsabilidades nesye ataque. Identificouos arguidos Tiago Silva, conhecido por ‘Bocas’, Válter Semedo, Pavlo Antonchuk, conhecido por ‘Ucraniano’ e João Calisto Marques.
O coordenador de segurança garantiu ainda que “dez a 12 minutos” antes de o ataque acontecer, Bruno Jacinto lhe telefonou a dar conta de que “iam adeptos à academia”. Ricardo Gonçalves afirmou ter questionado sobre a razão da ida à academia, porém, Bruno Jacinto não lhe terá dado qualquer justificação.
A testemunha explicou ainda que após este telefonema contactou o secretário técnico Vasco Fernandes, que lhe disse que ia telefonar a André Geraldes. Ricardo Gonçalves explicou que voltou a ligar a Bruno Jacinto, que lhe disse estar a caminho da academia, deixando a testemunha com a “sensação de que Bruno Jacinto não sabia do que se estava a passar”.
Depois de os suspeitos se terem colocado em fuga, Ricardo Gonçalves terá perguntado a Fernando Mendes, constituído arguido, acerca do que se tinha passado na academia. Segundo mesmo jornal, o antigo líder da JuveLeo e outros elementos da claque terão dito que "não sabiam de nada, que não tinham nada a ver com aquilo e que apenas tinham a intenção de falar com o treinador Jorge Jesus".
Ricardo Gonçalves admitiu ainda que não deveria ter autorizado a saída de um BMW azul da academia, no qual os agressores conseguiram escapar da academia.“Se fosse hoje não teria permitido a saída, que foi errada, face ao contexto actual, já depois de ver as imagens. Mas, naquele momento, disse que sim, pois tinha muita coisa em mãos e só queria que saíssem dali”, justificou.