A sátira de Natal da Porta dos Fundos, disponível na plataforma Netflix desde dia 3 de dezembro, gerou controvérsia no Brasil. “A Primeira Tentação de Cristo” fala sobre o regresso de Jesus a casa, depois de 40 dias no deserto em jejum. Interpretado por Gregódio Duvivier, Jesus volta a casa acompanhado de um amigo, com quem mantém uma relação amorosa.
Depois do lançamento do episódio, uma petição online foi lançada com o objetivo de tirar o episódio da Netflix e até à manhã de sexta-feira já tinha reunido mais de um milhão de assinaturas.
A Associação Nacional de Juristas Islâmicos (ANAJI) do Brasil, formada por juristas muçulmanos que têm como objetivo defender os interesses da comunidade islâmica no país, emitiu uma nota contra o grupo Porta dos Fundos e contra a Netflix por considerar que desrespeita a fé cristã.
"É com imenso pesar que a ANAJI repudia a atitude do Porta dos Fundos e Netflix, que em vídeo deturpa a imagem do profeta Jesus e sua mãe, Maria. O artigo 5.º da Constituição brasileira deixa bem claro a proteção e respeito ao sagrado", pode ler-se no comunicado.
Salientam ainda que a "liberdade de opinião e de expressão, também garantida pela Constituição, tem caráter relativo, podendo ser exercido tão somente dentro dos limites impostos pelo ordenamento jurídico, de maneira que não haja o desrespeito e o fomento de aversões ou agressões a grupos religiosos, caso contrário implica na tipificação de crime".
A ANAJI pede ainda aos cidadãos que denunciem a situação, independentemente da sua religião. "Estamos contra qualquer desrespeito e em solidariedade aos nossos irmãos cristãos. No Alcorão Deus diz para nos auxiliarmos na virtude e piedade e não no pecado e hostilidade", rematam.
Também nas redes sociais, vários religiosos reagiram à situação. O deputado evangélico Marcelo Feliciano também se mostrou contra a situação e iniciou um processo contra a Porta dos Fundos. “Cristãos e não cristãos me cobram atuação contra os irresponsáveis do Porta dos Fundos. Em anos anteriores já os processei, mas a “Justiça” diz que é liberdade de expressão. Está na hora de uma ação conjunta das igrejas e pessoas de bem para dar um basta nisso. Unidos somos fortes!" escreveu.