A rainha apresentou as prioridades do Governo de Johnson

Como seria de esperar, o foco do Governo britânico será o Brexit e o sistema nacional de saúde  

A Rainha Isabel ii dirigiu-se ontem aos deputados britânicos, na reabertura do Parlamento depois das eleições de 12 de dezembro. Como sempre, o discurso que levou não era seu: foi escrito e aprovado pelo Governo britânico, do primeiro-ministro Boris Johnson. Detalhava o programa legislativo para este Parlamento, cujas grandes prioridades são as mesmas da campanha eleitoral: o Brexit e o sistema nacional de saúde.

“A prioridade do meu Governo é concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia a 31 de janeiro”, declarou a rainha. Aliás, cerca um quarto das leis propostas pelo Executivo são relativas ao assunto – e deverão ser aprovadas pela maioria conservadora no Parlamento. Como a nova lei da imigração, que deixará os cidadãos europeus “sujeitos aos mesmos controlos de imigração britânicos que os cidadãos não europeus”.

Johnson também quer alterar o sistema de imigração britânico, que passará a ser mais semelhante ao australiano. Ambos dão uma pontuação aos candidatos a entrada no país, em função da necessidade do mercado de trabalho. A diferença é que, no sistema britânico, a necessidade é definida pelos empregadores, e na Austrália pelo Estado.

Para evitar complicações, os portugueses no Reino Unido têm de pedir o estatuto de residente permanente – receberão o pré-estatuto caso vivam há menos de cinco anos no país. Têm até 31 de dezembro de 2020 para o fazer, ou até à data em que o Reino Unido saia da UE sem acordo, caso isso aconteça.

 

Saúde Outro ponto essencial é a resolução do subfinanciamento do sistema nacional de saúde – uma das maiores preocupações dos eleitores britânicos. Johnson prometeu um aumento anual de 3,4% no financiamento da saúde, ou seja, quase mais 40 mil milhões de euros por ano. Alguns notam que este é um aumento significativo, relativamente ao ocorrido durante mandatos dos seus antecessores conservadores, Theresa May e David Cameron. Outros lembram que durante os Governos trabalhistas de Tony Blair e Gordon Brown, o aumento anual médio do financiamento da saúde foi de cerca de 6%.