As depressões Elsa e Fabien deixaram rios a transbordar, estradas fechadas, centenas de desalojados, dois mortos e um desaparecido. Nas últimas horas a situação mais crítica foi em Montemor-o-Velho onde a rutura de um dique deixou submersas aldeias como Marachão e Formoselha. O distrito de Coimbra é, aliás, o que mais preocupou este fim de semana as autoridades e onde se prevê que os estragos tenham sido mais elevados.
Recorde-se que ao início da tarde, quando as previsões eram já de melhoria das condições meteorológicas, uma chuva forte voltou a cair no distrito de Coimbra, agravando ainda mais a situação de inundação em que estavam algumas áreas – ao início da noite, surgiu a infomação de que um segundo dique do rio Mondego tinha rebentado. Até à hora de fecho desta edição, a informação não tinha sido confirmada pelas autoridades. Por precaução, a localidade de Casal Novo do Rio já tinha sido evacuada, revelou a autarquia. Em alguns locais do concelho, a água chegou a atingir perto dos dois metros de altura, engolindo casas, árvores e sinais de trânsito.
Mas no resto do país tudo estava mais calmo, tendo a CP restabelecido a circulação de comboios entre Lisboa e Porto após o almoço, ainda que condicionada a uma única via, esclareceu a empresa.
Ultrapassados os dois fenómenos meteorológicos que assolavam o país desde a última quarta-feira, a previsão é agora a de tempo ameno para a semana de Natal. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê para esta semana que hoje começa céu em geral pouco nublado no território continental, podendo as nuvens ser mais constantes nas regiões norte e centro ao final do dia. Também se prevê chuva fraca para o dia quinta-feira em alguns pontos do país. Na Madeira, há a hipótese de precipitação no dia de Natal, devido a um anticlone localizado entre o norte de África e o território nacional. Já nos Açores espera-se um inverno rigoroso pelo menos até á próxima quarta feira.
Proteção civil decidiu não usar Mensagens de alerta Apesar de o agravamento das condições climatéricas ter provocado diversas situações de emergência, como aconteceu com as cheias no Mondego – as inundações deverão manter-se nos próximos dias -, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) não enviou mensagens de telemóvel à população.
Ao JN, Miguel Cruz, adjunto de operações da ANEPC, confirmou a decisão, referindo que “a opção passou por trabalhar mais a ligação com as populações via comunicados de imprensa com a colaboração dos órgãos de comunicação social”.
O sistema de envio de alertas por telemóvel tem sido notícia por diversos motivos, estando sob investigação o novo sistema de alerta das populações por mensagem escrita, que se pretende que suceda às comunicações por sms. Esta investigação surgiu após o varrimento das autoridades aos contratos celebrados pela Proteção Civil no âmbito do caso das golas ditas inflamáveis.
Como i noticiou em setembro, o MAI terá celebrado contratos com as operadoras Meo, Nos e Vodafone no valor de 735 mil euros (valor sem IVA) para as comunicações móveis e adjudicou o serviço de desenvolvimento do sistema nacional de alerta a uma empresa que aparentemente não presta este tipo de serviços. Trata-se da Fast Yubuy e o ajuste direto foi celebrado por 74 mil euros (valor sem IVA). A investigação, que não tem dúvidas sobre os contratos com as operadoras, terá estranhado este último contrato.
Em maio, o semanário Sol escreveu que as operadoras de telecomunicações ainda aguardavam notícias para perceber como se iria desenrolar este ano a difusão de alertas de fogos às populações. Isto, porque o sistema de SMS já havia demonstrado alguns problemas no último ano, mas o novo sistema que o MAI pretendia implementar ainda estava longe de ser posto em prática.
O Sol apurou que na altura a nova ferramenta – Cell Broadcast, que permite tirar uma espécie de fotografia do local em que está cada um dos telemóveis – havia sido encomendada pelos três operadores à Ericsson. Mas atrasos na adjudicação do serviço por parte do Ministério da Administração Interna aos três operadores impediam que a nova solução fosse posta em prática.
No ano passado os alertas por SMS levantaram alguns problemas, havendo casos em que o aviso demorou 12 horas a chegar aos destinatários. Em maio, o MAI disse, porém, ao SOL que o sistema de SMS estava a funcionar, sem referir os problemas. Mas admitiu melhorias para o desenrolar de 2019.