O Crédito Agrícola (CA) pagou mais de dois mil euros por mês à mulher do presidente do banco por ter rescindido da carreira de professora para dar apoio ao marido. Licínio Pina alegava que a mulher lhe garantia “estabilidade emocional” e o próprio confirmou a situação numa carta, escrita em 2018, e citada pelo Jornal de Notícias esta quinta-feira.
"A minha esposa é há mais de 36 anos o meu fator de equilíbrio e sempre me ajudou. Quando aceitei este desafio, coloquei como condição tê-la ao meu lado. Para o exercício das minhas funções e responsabilidades, necessito de disponibilidade total e acima de tudo, estabilidade emocional", disse Licínio Pina, na referida carta.
De acordo com o mesmo jornal, Maria Ascenção Pina recebia uma subvenção mensal desde 2016. Contudo, o pagamento já foi suspenso. A carta de Licínio Pereira terá surgido em resposta a um documento anónimo que circulou pelo CA, gerando polémica, e que levou mesmo o Banco de Portugal a pedir explicações sobre o pagamento.
Licínio Pereira referiu ainda que o pagamento tinha sido decidido pelo "próprio Conselho Geral e de Supervisão que, em fevereiro de 2016, encontrou uma solução que é subtraída” da sua “remuneração bruta, não acrescentando custo adicional" ao banco.
Segundo o Jornal de Notícias, o Grupo CA não revelou a partir de que data é que o pagamento deixou de ser feito, nem confirmou ou desmentiu o valor pago a Maria Ascenção Pina. Confrontado com a situação, o presidente respondeu, através de fonte oficial do Grupo que “a carta referida na questão colocada deve ser uma carta divulgada para as Caixas Agrícolas na sequência de denúncias anónimas e reportadas ao mandato de 2016-2018. O mandato atual de 2019-2021 está devidamente autorizado pelas autoridades reguladoras sem qualquer observação efetuada à equipa do Conselho de Administração executivo da Caixa Central e do CA".