A Líbia é um país sem Estado e o cenário caótico de guerra civil em que se encontra é um terreno de batalha perfeito para as conhecidas guerras “proxy”, onde vários atores internacionais lutam por influência na região. E a Turquia pode estar prestes a reforçar o seu papel na Líbia, intervindo militarmente na guerra civil a pedido do primeiro-ministro líbio Farrez Sarraj, líder do Governo reconhecido pelas Nações Unidas, anunciou Recep Tayyip Erdogan, Presidente turco, esta quinta-feira.
Num discurso perante as fileiras do seu partido em Ancara, Erdogan anunciou que iria apresentar, a 7 de janeiro, um projeto de lei ao Parlamento turco, hemiciclo controlado pelo seu partido Lei e Justiça, com o intento de destacar tropas para o país do Norte de África. “Já que há um convite neste momento, nós aceitamo-lo”, disse, citado pela Al Jazira. “Se Deus o permitir, assim que o Parlamento retome atividade, a primeira coisa que vamos fazer é apresentar a resolução para enviar as tropas”.
Erdogan tem como objetivo contrabalançar o poder ganho pelas forças lideradas pelo chefe militar Khalifa Haftar, apoiado pela Rússia, que impõe desde abril um cerco à capital da Líbia, Tripoli. Não se sabendo as normas que configurará a sua intervenção nem o tamanho do destacamento que enviará para o terreno, a acontecer, o resultado será o reforço do papel da Turquia na Líbia, que já fornece veículos armados e drones ao Governo reconhecido pela ONU. Mas Erdogan garantiu: “Não vamos para onde não somos convidados. Neste momento, há um convite que vamos responder”.
A seguir ao anúncio de Erdogan, o ministro do Interior líbio, Fathi Bashaga, disse aos repórteres, em Tunes, Tunísia, que o Governo iria apresentar um pedido oficial de ajuda militar à Turquia, caso o conflito em Tripoli aquecer. “Se a situação escalar, então teremos o direito de defender Tripoli e o seus residentes”, disse Bashaga, de acordo com a Reuters.