Depois de a sede da produtora brasileira A Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, ter sido atacada, no dia de Natal, com cocktails molotov, sem provocar feridos, vários políticos portugueses reagiram a este ataque. André Silva, deputado do PAN, partilhou, no dia do ataque, um texto intitulado de “Je Suis Porta dos Fundos”, fazendo alusão ao atentado terrorista ao jornal satírico Charlie Hebdo em 2015.
“O débil compromisso da laicidade no Brasil, que conta com figuras religiosas e uma bancada evangélica no parlamento, demonstrativo da não separação entre Estado e Igreja, a que se junta a instrumentalização da religião para abusos de poder, espalhar ódio e restringir a liberdade de expressão, são ingredientes suficientes para a consumação de actos violentos e cobardes como o que ocorreu na sede da produtora do programa de humor. A intenção é induzir o medo. O resultado será o contrário porque como dizem os autores, ‘Não vão nos calar! Nunca!’.”, escreveu o deputado na sua página de Facebook.
Também o partido no Governo teve alguma coisa a dizer acerca do assunto, e, a partir de uma partilha no Facebook, também Isabel Moreira mostrou o seu apoio à produtora braileira, partilhando uma publicação da própria. “"Gostava de poder dizer que somos todas e todos Porta dos Fundos. Não somos. Quem é, que o seja com muita força. Tempos horríveis, estes", escreveu.
Ainda na ala esquerda, o comunista Miguel Tiago deixou o seu comentário. “Não conheço nenhuma religião que não espalhe o terror do inferno na sua chantagem terrena. Agora que gozaram o ídolo dos cristãos, a veia intolerante e terrorista torna-se mais proeminente. Mas ela está lá desde o início da história do cristianismo. Je suis é sempre muito relativo”, escreve.
Recorde-se que o ataque foi reivindicado por um grupo de extrema-direita. Num vídeo partilhado no YouTube, o grupo que se autodenomina Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira aparece a ler um manifesto enquanto existe as imagens do ataque. O mesmo grupo terá sido o culpado por um ataque na Universidade Federal do Estado do Rio, em Botafogo, no final do ano passado, quando queimam bandeiras e faixas antifascistas.
A polícia brasileira já terá, entretanto, identificado um carro e uma moto que foram usados durante o ataque.