O Brexit vai concretizar-se a 31 de janeiro, mas o processo não acaba aqui. Ou seja, o divórcio está quase todo por limar. Há um período de transição depois da saída até, pelo menos, 31 de dezembro de 2020. O primeiro-ministro Boris Johnson tem a árdua tarefa de negociar um acordo comercial com a União Europeia até esta data (os acordos de livre comércio costumam levar anos a negociar). E Johnson impôs um prazo: não quer que as negociações se arrastem para lá do próximo ano, algo que a UE duvida ser possível. Até lá, a relação comercial entre a Europa e o Reino Unido permanecerá a mesma. E há muitos outros aspetos a ter em conta além da relação comercial: segurança; imigração; partilha de dados, são alguns dos exemplos. Caso não consiga obter um acordo até ao final de 2020, os bens do Reino Unido que viajem para a UE podem ser alvo de controlos aduaneiros e de tarifas.
Mas afinal, Brexit é quase sinónimo de imprevisibilidade. Embora Johnson tenha obtido uma grande vitória nas eleições de 12 de dezembro para "concretizar o Brexit", 62% da Escócia votou para permanecer na UE no referendo de 2016. Empoderada pelo resultado nas últimas eleições, em que o Partido Nacionalista Escocês ganhou 80% dos lugares, a primeira-ministra Nicola Sturgeon, está a pressionar para que o Governo britânico a autorize a repetir o referendo para a independência. O não de Johnson está garantido. Por isso prevê-se que os dois ramos executivos entrem em confronto este ano, criando uma crise constitucional na união.