Jamie Clarke tinha um objetivo: que o filho adolescente desligasse o telemóvel e falasse com ele. Para isso, este pai canadiano achou que a solução para se voltar a conectar com Khoebe, de 18 anos, estava numa viagem à Mongólia.
“Se existe algum tipo de vício, fomos nós [os pais] que o perpetuámos. São dispositivos bastante úteis, mas começamos a sentir que são eles que nos controlam e não ao contrário”, começou por contar Jamie Clarke em declarações à BBC.
Para Jamie os primeiros sinais de que o filho estava demasiado apegado ao telemóvel chegaram nas comemorações do seu 50.º aniversário. Depois de levar a família para uma estância de esqui onde não havia rede de telemóvel ou ligação wi-fi para comemorar, Jamie percebeu que o filho ficava irritado e não estava a lidar bem com a situação.
“Eu nunca tinha passado um fim de semana sem o meu telemóvel. Foi muito estranho”, admitiu Khobe.
Foi então que o pai decidiu juntar o sonho de atravessar a Mongólia de mota ao desejo de melhorar a relação com o filho. Embora inicialmente a ideia não tenha agradado a Khoebe, o jovem acabou por se convencer e começou a encarar o desafio como “algo divertido”.
Assim, a 28 de julho de 2019, pai e filho partiram em viagem para a Mongólia. Durante um mês percorreram mais de 2200 quilómetros de mota, cavalo e camelo.
“Senti bastante falta do meu telemóvel o tempo todo (…) Quando estou aborrecido eu posso simplesmente ligar o Youtube ou a Netflix. [Ali] o que é que se faz, ficamos sentados a olhar para as estrelas e a mexer os polegares?”, recordou, admitindo que no início sentia muita vontade em partilhar imagens do que via nas redes sociais.
No entanto, com o passar do tempo, Khoebe começou a encarar a experiência com outros olhos, sobretudo pelo facto de estar a conhecer o pai de uma forma diferente.“Fiquei surpreendido. Quando ele está longe de um ambiente de trabalho e família ele age como alguém que tem uma idade mais próxima da minha”, disse o jovem.
Também o pai admite que ficou surpreendido ao ver a maturidade do filho. “Isto ajudou-me a ver o Khobe de outra maneira. Eu via-o como uma criança que se esquecia do casaco e não limpava a loiça”, começou por lembrar. “Pude vê-lo a tornar-se num pequeno homem e fiquei impressionado com a forma como ele agia sob pressão”, admitiu.