Urgências no Alentejo sem médicos de clínica geral

Denúncia foi feita pelo Sindicato Independente dos Médicos. Serviço foi assegurado por médicos especialistas

s urgências do Hospital Litoral Alentejano (HLA), em Santiago do Cacém, estiveram sem ninguém na escala entre as 20h de sábado e as 8h de ontem. A denúncia foi feita pelo Sindicato Independente dos Médicos, que explicou que o serviço está a ser assegurado por médicos especialistas e não por médicos de clínica geral como seria suposto.

Estas urgências servem as populações de Santiago do Cacém, Alcácer do Sal, Odemira, Grândola e Sines, o que representa um universo de quase 100 mil pessoas.

Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos fez um apelo à ministra da Saúde, Marta Temido, para que esta “resolva o problema e não diga que está tudo bem”. 

O sindicalista afirmou que esta falta de médicos que tem causado o encerramento das urgências pediátricas por todo o país “não são situações normais”, adicionando ainda que os “mínimos não estão a ser respeitados nas urgências de adultos”. “É fundamental que o ministério resolva encarar o problema e não escondê-lo”, apontou Jorge Roque da Cunha.

“Sabemos que os médicos estão a fazer um esforço, a ‘fazer das tripas coração’, para manter os serviços de urgência, mas caso se mantenham as situações de incapacidade a probabilidade de erro aumenta. Para evitar que isso aconteça tem que se reconhecer que não há condições para manter as urgências abertas”, concluiu o presidente deste Sindicato.

Além desta situação no Hospital Litoral Alentejano, o Sindicato Independente dos Médicos denunciou ainda que no Hospital São José há “mais de oito horas de espera” e que “na Amadora as ambulâncias estão a ser desviadas para outros locais”.

De resto, este caso no Hospital do Litoral Alentejano já não é novo. Recorde-se que já no passado dia 31 de dezembro, a partir das 8h, o atendimento a crianças nas urgências do HLA tinha sido cancelado, sendo retomado dois dias depois, às 8h de quinta-feira. Luís Matias, presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde explicou que essas “48 horas não tinham sido cobertas devido à falta de médicos”.

 

Criança morre após ter alta

Ainda no ano passado, mais propriamente no dia 22 de dezembro, uma criança de 12 anos morreu após ter ido por duas vezes à urgência da Clínica CUF Almada.

O caso foi tornado público pela mãe da criança, que explicou que as queixas da sua filha foram desvalorizadas pela médica que a viu na segunda ocasião e lhe disse mesmo que esta queria só tentar chamar a atenção, apenas algumas horas antes de entrar em paragem cardíaca já no Hospital Garcia de Orta. A progenitora considerou inadmissível não terem sido feitas análises e exames na CUF quando a filha recebeu uma pulseira laranja, de doente muito urgente.

Após este incidente, o hospital em causa já terá aberto um inquérito interno ao caso, tendo retirado a médica em questão das escalas de serviços clínicos.