António Joaquim, acusado do homicídio de Luís Grilo, em coautoria com Rosa Grilo, viúva do triatleta, deu uma entrevista exclusiva à SIC depois de sair em liberdade, após a juíza do processo considerar que não havia riscos que justifiquem a continuação da prisão preventiva.
Numa conversa transmitida no programa Linha Aberta, de Hernâni Carvalho, António Joaquim recordou o momento em que foi preso preventivamente numa prisão de alta segurança.
"É angustiante olhar para uma porta que parece uma parede, não tem puxador", começou por dizer, revelando que partilhava “um pátio muito pequeno” com pessoas “acusadas de crimes sexuais, homicídio e violência doméstica”.
“Era complicado ter 15 ou mais pessoas naquele espaço, causava atritos", confessou o amante de Rosa Grilo, admitindo ainda que teve alguns problemas com outros reclusos porque foi "conotado com crimes sexuais".
Durante os 14 meses em que esteve detido, o antigo funcionário judicial diz ainda que recebeu sobretudo as visitas da mãe, do irmão, da ex-mulher, de colegas e amigos. "[A minha mãe] dizia-me para ter calma e acreditar que se ia fazer justiça", contou.
António Joaquim relembra que o mais complicado era explicar a situação aos seus dois filhos.
"É difícil de explicar a uma criança de sete anos que nem tudo o que passa na comunicação social corresponde à verdade dos factos", disse, confessado que com o filho de 14 anos foi “um pouco mais fácil".
Recorde-se que António Joaquim foi detido em setembro de 2018. O Ministério Público acusa-o de ser o autor do disparo que matou Luís Grilo, em julho de 2018.
Desde que está em liberdade, António Joaquim admite sentir-se “observado”.
Na mesma entrevista, António Joaquim diz que viu Luís Grilo apenas “uma ou duas vezes” ao logo da sua vida – uma quando este ainda frequentava a escola, e mais tarde porque o filho do triatleta era amigo do seu filho.
“O desaparecimento foi um facto que gerou uma onda de solidariedade e mais tarde com a descoberta do cadáver foi uma coisa chocante”, disse.
{relacionados}