Uma enfermeira foi agredida na madrugada de hoje no serviço de urgência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Após os puxões de cabelos, bofetadas e socos, a profissional não conseguiu continuar a trabalhar, estando agora a ser acompanhada. Já os agressores foram identificados, mas permaneceram no local das agressões.
Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, explicou ao i que, segundo lhe contou a vítima, “a agressão partiu da utente em si, porque a enfermeira teve de ir buscar um comprimido para a senhora, tendo demorado menos de dez minutos”.
“A utente deve ter achado que tinha sido muito tempo e assim que a enfermeira chegou ao pé dela levou um estalo e a mesma puxou-lhe os cabelos. Logo de seguida veio o marido da senhora e deu-lhe um soco. Apareceram ainda os filhos e ela continuou a ser agredida”, referiu a bastonária.
O incidente aconteceu na zona das urgências destinada ao atendimento das pulseiras laranja, pelas 2h. Na altura da agressão, o agente da PSP que estava de serviço foi chamado a responder a outra ocorrência, tendo sido outro elemento que estava presente a intervir. O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP explica, em comunicado, que após identificar as “partes envolvidas”, encaminhou o processo para o Ministério Público. Os agressores não foram detidos.
Ao i, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros refere que, após este ataque, “a enfermeira não teve nem condições físicas nem psicológicas para continuar a trabalhar”, mas os agressores puderam “continuar no serviço de urgência, como se nada fosse, junto dos outros profissionais e das restantes famílias e utentes”.
Quanto ao Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), esse informou, também em comunicado, que “a profissional está a receber todo o acompanhamento por parte da Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar” e que o caso “foi entregue às autoridades policiais”.
Para além disso, fonte oficial referiu que “condena veementemente este e qualquer ato criminoso praticado contra profissionais de saúde” e que “prestará todo o apoio jurídico à enfermeira agredida”. Agora, está a proceder à análise do caso “para garantir que o esquema de segurança tem a resposta exigida”.
Contactado pelo i, o CHULN escusou-se a prestar mais esclarecimentos sobre o caso.
Governo cria gabinete de segurança
Esta terça-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, e o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, estiveram reunidos e anunciaram a criação de um novo gabinete de segurança para combater a violência contra os profissionais de saúde.
No entanto, para Ana Rita Cavaco, esse gabinete não chega para pôr fim ao problema. “Não é com a criação de um gabinete de segurança que nós vamos resolver estas questões, até porque o problema está identificado há muito. Todos os anos saem dados sobre as agressões a profissionais de saúde e o que tem que existir é uma atitude punitiva”, afirma.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, nos primeiros nove meses do ano passado registaram-se 995 casos de violência contra profissionais de saúde.
Para a bastonária, a violência na saúde tem vindo a aumentar devido “às condições de degradação do SNS”, sendo necessária, para além de uma atitude punitiva, uma maior presença policial e de segurança.