Isabel dos Santos voltou a falar à comunicação social para negar as acusações que pendem sobre si. Em entrevista à publicação de língua francesa La Libre Afrique, a empresária angolana rejeita que tenha cometido qualquer ilegalidade: “A corrupção nunca foi um problema da família de José Eduardo dos Santos, como muitos querem fazer acreditar”.
A filha do ex-presidente de Angola admite um cenário de corrupção no seu país, mas acusa os dirigentes políticos de serem os principais responsáveis por esta situação, admitindo uma relação perniciosa com o setor da construção. “As empresas de construção nem sempre foram honestas”, afirma. “Muitos dirigentes partidários após a guerra formaram parcerias com empresas de construção nem sempre honestas. Os preços das obras e a sua qualidade fizeram o Estado perder quantidades colossais”, acusa a empresária.
Isabel dos Santos afirma ainda que a Sonangol concretizou negócios que prejudicaram o Estado angolano no setor de petróleo, numa fase em que, diz, a empresa teve “muita autonomia e para a qual o governo nunca conseguiu implementar uma ferramenta de controlo eficaz", sublinha.”.
A empresária nega, todavia, que se tenha aproveitado da posição do seu pai para enriquecer, declarando que está a ser alvo de uma “campanha de imprensa habilmente orquestrada por meios próximos ao poder preocupados que considere a hipótese de uma carreira política, criando a figura de uma princesa africana sentada em uma fabulosa conta bancária de três mil milhões de dólares”.
“A verdade tem de ser reposta”, diz, acrescentando que é, acima de tudo, “uma empresária determinada que acredita no seu país, que investiu nele e que assumiu riscos reais”. “Nos últimos 20 anos, criei mais de uma dúzia de empresas em diversos setores. Gastei capital no meu país nos setores das telecomunicações, televisão, bancos e comércio. Em termos de investimento estrangeiro direto, acho que influenciei largamente a economia angolana. Sou hoje o maior empregador do meu país. Em empregos diretos, isso representa mais de 20 mil pessoas", declara.
Recorde-se que a Procuradoria-Geral da República de Angola aponta o dedo a Isabel dos Santos, a Sindika Dokolo e ao empresário português Mário Silva, acusando-os de “ocultar o património às custas do Estado, transferindo-o para outras entidades”. A Justiça angolana decretou o arresto preventivo das contas bancárias e bens dos acusados, abalando o universo da empresária angolana, uma das mulheres mais ricas de África, colocando em causa o futuro das suas empresas em Angola e Portugal.