As reações à morte de Paulo Gonçalves chegaram um pouco por toda a parte, com vários colegas a destacarem o “profissionalismo” e as “qualidades humanas” do nortenho, que ficou conhecido por ‘Speedy Gonçalves’ dada a sua coragem, velocidade, inteligência e agilidade, a lembrar o icónico ratinho dos desenhos animados Speedy González.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o piloto “morreu a tentar alcançar o sonho”. “Paulo Gonçalves morreu a tentar alcançar o sonho de vencer uma das mais duras e perigosas provas de rally do mundo, na qual foi sempre um digníssimo representante de Portugal”, escreveu o Presidente da República.
“Descansa em paz, guerreiro Paulo. O desporto e Portugal ficam hoje mais pobres. Até sempre, Speedy Champ!”, disse, por sua vez, o piloto de automóveis em Fórmula E António Félix da Costa. Já Miguel Oliveira sublinha que Paulo Gonçalves deixou “uma marca profunda na vida de quem teve o privilégio de se cruzar” consigo. Também Jorge Viegas, presidente da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), se mostrou chocado com a notícia, garantindo que o motociclismo mundial está de luto”. “Era uma excelente pessoa, um excelente piloto e um grande amigo”, concluiu. Em Esposende, o Presidente da Câmara Municipal fez saber que a cidade vai decretar um dia de luto municipal como forma de homenagear o piloto “anti-herói”, que nunca se deixou “envaidecer”. Já Matthias Walkner, o piloto que foi ajudado por Paulo Gonçalves no Dakar 2016, lembrou o “campeão” como “um atleta incrivelmente simpático, prestativo e justo”.
Paulo Gonçalves era casado com Sofia Gonçalves e tinha dois filhos. Com um lugar há muito reservado na história do deporto português, o piloto será também recordado pelo lado humano, em que ficou conhecido por nunca deixar ninguém para trás. Prova disso foi a distinção que recebeu em 2016, o Prémio de Ética no Desporto, atribuído pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), precisamente por causa do episódio acima mencionado. A atitude de fair-play do luso correu mundo, uma vez que o português seguia na liderança quando parou depois de encontrar o austríaco caído a meio de uma etapa.
“Tudo nas corridas é interessante e excitante. A aventura, a descoberta, territórios desconhecidos, a navegação, e tudo isto em contrarrelógio”, afirmou um dia o português que se despediu a fazer o que mais gostava.
Antes, a última vez que alguém faleceu durante a prova do Dakar havia sido há cinco anos, em 2015, quando o polaco Michal Hernik morreu por desidratação.