Boris Johnson não desiste da ideia de fazer tocar o sino do Big Ben para celebrar o Brexit na noite de 31 de janeiro. Depois de a Câmara dos Comuns recusar a ideia de serem os cofres do Estado a cobrir os custos para fazer soar o famoso sino, eis que o primeiro-ministro britânico arranjou a solução perfeita: pedir aos cidadãos que doem as 500 mil libras (584 mil euros) necessárias para tal.
Numa entrevista à BBC, esta terça-feira, Johnson anunciou o crowndfundig com a frase: “bung a bob for a Big Ben bong”. O trocadilho não tem tradução, mas é uma forma de pedir aos britânicos que contribuam ou, neste caso, que financiem todos os custos.
O evento reuniu apoiantes como o conservador Mark Francois, o lorde Michael Ascroft ou o radialista Nick Ferrarie.
Mas nem todos são a favor de que o Big Ben toque no momento em que o Reino Unido vai deixar, oficialmente, a União Europeia. Esta quarta-feira, o jornal Daily Express fez uma capa que rapidamente se tornou viral e deu origem a várias montagens nas redes sociais.
“Quando o relógio marcar as 23 horas do dia 31 de janeiro, a nossa abençoada liberdade dos confins de Bruxelas estará segura e um novo capítulo na grande história desta nação começará. Como um símbolo poderoso desse movimento histórico, uma coisa é certa… o Big Ben deve ‘bong’ (tocar) para o Brexit”, lê-se na primeira página do diário britânico.
Basicamente, a capa é um comentário irónico perante o apelo do primeiro-ministro, ou seja, numa altura em que o Reino Unido vai sair da União Europeia, numa decisão que vai pesar na carteira dos britânicos, e numa altura em que o mundo luta contra vários problemas, como a emergência climática ou os fogos na Austrália, Johnson lembra-se de pedir 500 mil libras para fazer tocar um sino, o que na opinião dos utilizadores se traduz apenas como “Perderam a cabeça?”.
Recorde-se que o sino está em silêncio desde 2017, uma vez que está em obras até 2021. Nos últimos três anos, o sino do Big Ben tocou apenas em ocasiões especiais: no Dia da Memória das vítimas das I e II Guerras Mundiais e na noite de Ano Novo. Mas agora, o piso onde o sino está teve de ser retirado na sequência das obras, o que torna ainda mais elevados os custos de o fazer tocar no próximo dia 31.