De 102 mil doentes que preencheriam os requisitos para beneficiar de cuidados paliativos em 2018, apenas um quarto teve acesso a este tipo de resposta que visa aliviar o sofrimento físico e psicológico em casos de doença incurável, avançada e progressiva. As lacunas são ainda maiores nas crianças: em oito mil menores com doenças incuráveis, 90 tiveram acesso a este tipo de cuidados – 0,01%. As estimativas são do Observatório Português de Cuidados Paliativos, do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica, que ontem tornou a alertar que a cobertura universal está longe de ser alcançada e que existem profundas assimetrias no país.
Oito minutos de psicólogo
Os dados constam da segunda parte do Relatório de Outono de 2019 do observatório. A primeira parte centrou-se na análise das equipas, concluindo que faltam 430 médicos, 2114 enfermeiros, 178 psicólogos e 173 assistentes sociais nesta área. Agora, o ICS divulga uma análise sobre a atividade assistencial, a partir de informação das instituições e inquéritos a cerca de metade das equipas e serviços. Conclui que, perante a sobrecarga, o tempo dedicado aos doentes é pouco: os médicos têm uma mediana de 44,5 minutos com cada doente por semana (nove minutos por dia), os enfermeiros 82,5 minutos, os assistentes sociais 10 minutos e os psicólogos apenas 8,8 minutos – não chega a dois minutos por dia.