Donald Trump usou o seu discurso no encontro do Fórum Económico Mundial, que teve início esta terça-feira em Davos, Suíça, para tentar desarmar as críticas à sua abordagem à crise climática, um dos focos de discussão do encontro. E louvou a robustez “sem precedentes” da economia norte-americana, horas antes do início do julgamento no Senado para o remover do cargo de chefe da Casa Branca.
“Devemos rejeitar o profetas da desgraça e as suas previsões de apocalipse”, foi uma das frases que marcaram o discurso de meia hora do Presidente dos EUA, numa alusão aos ativistas climáticos e adversários de esquerda, com Greta Thunberg na plateia: “Querem ver-nos falhar”.
Num discurso que parecia mais para a audiência norte-americana do que para os líderes empresariais presentes em Davos, Trump dedicou grande parte do seu tempo a descrever e a enumerar os seus feitos económicos. Enfatizando também o seu papel na recuperação económica global a que se tem assistido durante o seu mandato, disse que os EUA são um “modelo para o mundo” e aproveitou para vincar a supremacia americana.
Na extensa lista de feitos, o chefe da Casa Branca afirmou que os EUA atravessavam um “boom económico” que “o mundo nunca antes tinha visto”. Realçou, por exemplo, que foram criados sete milhões de empregos e abriram 12 mil fábricas desde o início da sua presidência.
“Os estudos mostram que Trump normalmente conta cinco ou seis mentiras por dia. Ele superou isso hoje”, disse ao Guardian Joseph Stiglitz, professor de Economia da Universidade de Columbia e Nobel da Economia em 2001, notando que a economia cresceu a um ritmo mais acelerado durante a administração de Barack Obama.
Trump, por sua vez, garantiu ser um “grande crente no ambiente” e apoiou a iniciativa lançada em Davos para diminuir as emissões de carbono, contribuindo para plantar 1 bilião de árvores.
Na sua vez de discursar, a ativista Greta Thunberg foi perentória no seu recado aos líderes políticos e empresariais. “Plantar árvores é bom, claro, mas não está nem suficientemente perto”, criticou. “Não precisamos de reduzir as emissões. As emissões têm de parar”.
Relatório da Greenpeace
O setor financeiro mundial – os maiores bancos, seguradoras e fundos de pensões do globo – está imensamente envolvido no investimento em empresas de combustíveis fósseis.
“Bancos, seguradoras e fundos de pensões são tão culpados pela emergência climática como a indústria de combustíveis fósseis – especificamente aquelas que vão a Davos”, vincou à AFP Jennifer Morgan, diretora executiva da Greenpeace Internacional. A organização identificou 24 entidades que financiaram a indústria de combustíveis fósseis, dez das quais investiram valores na ordem de 1 bilião de dólares só desde a assinatura do Acordo de Paris – um montante que daria para duplicar a capacidade de energia solar no mundo inteiro.