A Associação Peço a Palavra (APP) volta a tentar travar a construção do aeroporto do Montijo, já anunciado pelo Governo, lançando uma nova petição para a realização de um referendo nacional sobre o tema. Em comunicado, APP admite a necessidade de ser construída uma alternativa ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, mas contesta a opção pelo Montijo, considerando que esta escolha “apoiou-se em argumentos ilusionistas, sem sustentação séria”.
A associação defende que “a única localização que reuniu até agora todos os estudos necessários para permitir o início do desenvolvimento do projeto", e para conseguir competir com Madrid e fazer crescer a economia portuguesa para patamares mais elevados, "é o Campo de Tiro de Alcochete” – é nesse local, diz a associação, que a infra-estrutura deveria ser construída. De acordo com os estudos já realizados, a associação conclui “de forma inequívoca que no domínio das acessibilidades e transportes (aéreos e terrestres, em todos os modos, e as suas articulações) a localização que melhor serve os interesses nacionais, de Lisboa e da sua região envolvente é a localização no Campo de Tiro de Alcochete”.
A APP afirma que é “no mínimo, estranho, que o Governo venha defender a construção de um aeroporto secundário no Montijo, considerando que o mesmo “tem um prazo de vida muito curto (cerca de 9 anos)” e que “a grande maioria das companhias aéreas já afirmou que, por variadas razões, não têm intenção de o vir a utilizar”. A entidade refere que “todos os problemas” relativamente à opção do Montijo estão “bem identificados” por especialistas de aviação e movimentos e associações cívicas, antecipando “problemas ambientais e “nos ecossistemas e na saúde das populações que residem nos concelhos limítrofes”.
A associação acusa o Governo de conduzir todo este processo com “falta de responsabilidade e de bom-senso”, considerando que existe “o dever patriótico de ouvir os seus cidadãos, particularmente aqueles que têm reconhecidos conhecimentos técnicos sobre a matéria em análise, o que este não tem feito”. Segundo a APP, o referendo viria ao encontro do que é feito nos países “mais desenvolvidos da Europa” e onde existe uma “forte democracia participativa”.
Na nota, a APP acrescenta ainda que o Governo tem cedido “em favorecimento de interesses obscuros”, neste processo, considerando que, atualmente, Portugal está “refém dos interesses económicos de empresas estrangeiras como a Vinci, que ‘ganhou’ a privatização da ANA – Aeroportos de Portugal”, e que também terá interesse na construção do novo aeroporto no Montijo.