Filho de peixe sabe nadar. A joalharia era, mais do que um ofício, uma tradição para a família de José Manuel Rosas, que o próprio não só fez questão de manter como levou a outro nível, com a criação da Rosior. O joalheiro morreu no final de janeiro, aos 71 anos. A notícia foi confirmada pela empresa no dia 30, na página oficial da marca, onde conta um pouco do seu percurso. «Após anos de intenso trabalho de manufatura para a sua própria marca e para clientes internacionais destacados, como a Cartier ou a Tiffany & Co., José Manuel, antigo estudante de arquitetura, abraçou o sonho de criar peças únicas de alta joalharia», lê-se na nota publicada, que acrescenta que José Manuel Rosas, «membro de uma família tradicional de ourives do norte de Portugal», foi a grande força motriz e criadora por detrás da Rosior.
Criada em 1978, a marca foi mais uma degrau subido na escada de uma companhia familiar que tinha sido fundada em 1890 pelo bisavô do joalheiro e que foi passando de geração em geração, mas também uma vitória pessoal para o joalheiro. Para José Manuel Rosas, contundo, o início da carreira não foi linear. Primeiro foi estudante de arquitetura, mas abandonou a licenciatura precocemente. Aos 24 anos, entrou para a empresa familiar e, a partir daí, dedicou-se afincadamente ao ofício.
Ao longo da carreira, foi várias vezes distinguido com diversos prémios em Portugal e no estrangeiro. Atento às tendências, mantinha o seu próprio olhar mas procurava outras latitudes. «O facto de ser português sempre o norteou tanto na sua vida profissional como privada e enchia-o de orgulho ser autor de peças criadas no seu país ao melhor nível do que os melhores atores de alta joalharia criavam na cena internacional, universo que frequentava assiduamente desde há décadas nas melhores feiras e exposições que têm lugar pelo mundo fora», acrescenta ainda a empresa.
Entre 2007 e 2009, dedicou-se a criar uma das peças mais especiais da sua carreira, lembrava o Diário de Notícias. Tratava-se de uma clutch – uma pequena carteira usada nas festas – à qual deu o nome de Gems Dreams, composta por, no total, 4732 gemas preciosas. Foi vendida por 262 mil euros. «Invulgar compositor de joias brilhantes e coloridas pelas pedras que tão bem entendia, maestro na condução da sua oficina tradicional no Porto, José Manuel Rosas faz-nos a todos herdeiros das suas sinfonias que perdurarão na eternidade».