Jornalista chinês que expôs gravidade do novo coronavírus está desaparecido: “Estou com medo”

Num vídeo partilhado no dia 29 de janeiro, Chen Quiushi dizia que tinha enviado a sua localização aos amigos e descrevia a gravidade do novo coronavírus.

O jornalista Chen Qiushi, que tem acompanhado desde os primeiros dias o surto do novo coronavírus, desde Wuhan, na China, está desaparecido desde quinta-feira à noite. Quiushi tinha denunciado, através de vários vídeos, a má gestão do governo chinês face ao surto.

Em declarações à CNN, a família do jornalista, que também trabalha como advogado de direitos humanos, disse que não tem notícias sobre o seu paradeiro desde quinta-feira e está preocupada sobretudo, depois de saber da morte do médico que alertou as autoridades chinesas sobre o vírus.

“Estamos preocupados com a sua segurança física. Ele até pode ter sido infetado pelo vírus. Não sabemos nada”, disse um amigo, citado pela CNN.

Num vídeo partilhado no dia 29 de janeiro, Chen Quiushi dizia que tinha enviado a sua localização aos amigos e descrevia a falta de máscaras, fatos e equipamentos de proteção, falta de pessoal médico e até de kits para testar o novo coronavírus.

“O surto ainda é grave. Muitos problemas não são resolvidos”, disse. "O departamento de justiça ligou-me novamente. A esquadra de Qingdao também me ligou. Perguntaram onde eu estava e pediram para cooperar com a investigação deles. Estou com medo”, denunciou.

Segundo o New York Post, um amigo, Xu XiaoDong, partilhou um vídeo alegando que Qiushi foi levado à força por autoridades chinesas e que o telemóvel que este usava foi confiscado. XiaoDong disse que as autoridades disseram aos pais de Quishi que o filho estava em quarentena por ter sido exposto ao vírus. No entanto, os pais de Qiushi não conseguiram entrar em contacto com o jornalista.
Recentemente, Fan Bin, colega Quiushi, foi detido pelas autoridades após ter divulgado um vídeo com cadáveres, num hospital chinês, que se tornou viral. As maiores plataformas de comunicação social da China estão desde então assim sobre supervisão direcionada e já foram bloqueadas várias contas nas redes sociais.

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