Para uma geração que nasceu de Google e GPS à distância de um toque no smartphone, parece-me que ainda não se navega pelo dilúvio de informação sem as tormentas que outrora soubemos enfrentar.
O Homem faz diariamente travessias pelo oceano de informação disponível, mas nem sempre vê costa. Quero com isto dizer que o sucesso dessa mesma travessia depende da conclusão do ciclo de conhecimento: saber, compreender e consequentemente aplicar.
Saber diz respeito à acumulação e posterior regurgitação de informação de pertinência intermitente, relativa ao tópico a que o leitor se dedicar. É, na esmagadora maioria das vezes, inútil esta acumulação, facilmente perdendo-se na memória, se dela não resultar compreensão e posterior aplicação.
Costuma dizer-se, e eu não discordo, que a qualidade das respostas que obtemos depende da qualidade das nossas perguntas que, por sua vez, dependem da nossa perspetiva e compreensão da realidade que nos envolve. Assim, sempre que uma informação é transformada por nós em matéria de conhecimento, dá-se um update à forma de pensar, gerando-se espaço para novas perguntas, uma vez que a realidade não é mais a mesma. Ainda assim, o processo está incompleto. A viagem requer um destino. De pouco nos serve fazer as malas de viagem e pô-las no carro, sem saber para onde vamos.
O culminar do processo acontece quando dispomos dos nossos melhores ativos intelectuais ao nosso serviço. Julgo estar certo quando aufiro que o leitor tem uma vida profissional mais facilitada por saber escrever, ler ou falar, mais do que saber de cor o alfabeto, o que significa e a teoria da sua pronunciação. Compreender é bom, aplicar é outro nível.
Todavia, apesar de ser relativamente óbvio o benefício da aplicação, não é o que observamos em boa parte dos tópicos que não consideramos indispensáveis ao bom funcionamento do nosso dia. Estou certo de que o leitor sabe como ter uma alimentação saudável e compreende a importância e o impacto de cuidar do seu corpo, mas será que age em concordância!?
Não quero com isto dizer que a terra está longe, e será difícil atracar em segurança. Sou da opinião de que a terra está, tal como sempre esteve, à distância da iniciativa, disponibilidade e atitude do marinheiro. Pode não vê-la dado o nevoeiro que intoxica a mente da sociedade com lixo ou ruído, mas requer tempo, confiança e ação para que enfrente as tormentas e dobre o Cabo da sua Esperança, encontrando o caminho intelectual para o seu bem-estar e realização.
Os vencedores das corridas, para qualquer percurso que o leitor defina como aquele que o leva à sua felicidade, são os capazes de afastar o nevoeiro com a sua inteligência emocional, serenidade e perseverança, longe das crenças e opiniões que às vezes deixamos que nos limitem.
Um qualquer sucesso acelera com a concentração da vitalidade e força de um ser no que fazemos naturalmente bem e nos faz brilhar o olhar, de espanto pela terra prometida. A construção de uma civilização feliz depende da medida em que a mesma aplica o conhecimento à sua disposição.