O Centro Hospitalar Universitário São João, no Porto, não vai destruir o esperma de Hugo, o homem que antes de morrer o criopreservou naquela unidade para que a sua mulher, Ângela, o pudesse utilizar para engravidar.
"Pela presente vimos informá-la da nossa posição, de que demos já notícia a sua Exa o senhor secretário de Estado da Saúde, a qual é a de conservar o material biológico em causa, não exercendo a faculdade legal de proceder à respetiva destruição", refere uma carta dirigida a Ângela Ferreira, a que a agência Lusa teve acesso, esta quinta-feira.
Recorde-se que depois de Hugo morrer em março do ano passado, aos 29 anos, numa luta contra o cancro, e poucas horas depois de ter casado com Ângela, quando estava internado no Hospital de São João, no Porto, ficou apenas por cumprir um sonho: ter um filho com a mulher. A história do casal emocionou os portugueses depois de ser contada numa reportagem da TVI. Mais tarde, e no seguimento de uma primeira petição, Ângela criou uma nova petição dirigida à Assembleia da República, para mudar a lei que não permite a procriação medicamente assistida após a morte. Alcançadas as 20 mil assinaturas necessárias, o processo legislativo está agora nas mãos do Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, para que este marque a votação para mudança da lei.
Na mesma carta, o Centro Hospitalar Universitário São João disse ainda que está a aguardar a pronúncia das entidades públicas detentoras de poder administrativo e político sobre a questão.
Em declarações à mesma agência noticiosa, Ângela Ferreira disse ter sido apanhada de surpresa, uma vez que ainda não tinha sido contactada pela unidade hospitalar, mas disse estar “imensamente feliz e aliviada”, já que o Hospital de São João preparava-se para destruir o material biológico de Hugo.