Bruno de Carvalho disse esta sexta-feira, no Tribunal de Monsanto, que “se for condenado” no âmbito do processo do ataque à academia de Alcochete será “o criminoso mais imbecil do mundo”.´
De acordo com a declarações reproduzidas pela TVI24, o ex-dirigente do Sporting começou por dizer que não compreende como está “na qualidade de arguido”.
"Entenda o meu instinto de sobrevivência, não por minimização do que se passou, mas porque me colocaram do outro lado da barricada a partir do momento em que passei de testemunha a arguido 44", disse Bruno de Carvalho ao coletivo de juízes do Tribunal de Monsanto. "Passados quase dois anos não compreendo como sou arguido neste processo”, acrescentou.
"É a primeira vez que me posso dirigir ao tribunal, e acho que devem ficar claras estas situações: nunca soube de absolutamente nada de nada”, disse Bruno de Carvalho, realçando que "aquilo que se passou em Alcochete foi um crime hediondo, é lamentável é indescritível aquilo que as pessoas passaram”.
O antigo presidente do Sporting alegou ainda que só soube o que tinha acontecido em Alcochete depois de uma reunião em Alvalade e associou o ataque à Academia a uma visita anterior.
“É lógico que houve autorização, é lógico que alguém deixou passar estas pessoas”, começou por dizer. “Quando, em 2017, o Jorge Jesus permitiu a entrada na Academia eu tinha dito ‘não estão autorizados a ir’ e quando questiono o Jorge Jesus pergunto-lhe se era o presidente. Parece que não tem interesse, mas tem, o drama é permitir a primeira vez. E no meu mandato aconteceu essa vez à minha revelia. E depois acontece este crime hediondo”, acrescentou. “Eu sou absolutamente contra a ida de adeptos à Academia", reiterou.
Bruno de Carvalho falou ainda da relação dos jogadores com a claque e recordou que quando saiam à noite, mesmo não podendo, e tinham problemas, "era à claque que pediam ajuda".
“Há um arguido ali atrás que à minha frente cumprimentava o William de Carvalho. Temos de perceber o nível de intimidade… Se for condenado serei o criminoso mais imbecil do mundo”, afirmou.
Sobre os incidentes no aeroporto da Madeira, entre adeptos e jogadores, Bruno de Carvalho diz que só soube do sucedido através da televisão. Já sobre os telefonemas de Fernando Mendes após estes incidentes, o antigo dirigente leonino diz que este estava embriagado.
“O Fernando Mendes nunca me tinha telefonado, quando me liga (noite da Madeira) estou com um bebé ao lado. O tribunal não perguntou, mas eu tinha uma filha a morrer e quando ele me liga não podia estar a conversar. É lógico se me vai dar a oportunidade na mão de ter a pessoa que tinha visto no aeroporto já agora queria escutar. Mas não consegui, não sei se pelo facto de a pessoa estar embriagada, e embriagada é ser simpático, porque estaria num nível mais elevado”, disse, acrescentando que acabou por concluir que "havia conflitos entre o Fernando Mendes e o Nuno Mendes”.
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