“Alguém para dar um tirinho hoje?” O desafio foi lançado no último domingo num grupo fechado do Facebook, poucas horas depois do acidente fatal que vitimou três jovens na Segunda Circular. E as respostas dos membros da comunidade não se fizeram esperar muito: “Assim, tá bem” ou “Eu apareço” são alguns dos exemplos. Dois dias depois um novo anúncio: “130E [alcunha fictícia] procura companhia para logo, alguém por aí?” O post ganha quase de imediato diversos likes e nos comentários há emojis a rir e uma mensagem: “Ah, c***!”
A A1, a A16, a ponte Vasco da Gama e a CREL continuam a ser palco de corridas ilegais todas as semanas. Há anos que é assim, há anos que os locais são os mesmos – só nos Ralis, no Eixo Norte-Sul e na A2 é que se conseguiu travar ou, pelo menos, abrandar este fenómeno.
“A atividade tem sido mais ou menos a mesma de sempre”, conta ao i um dos membros da comunidade, a quem damos o nome fictício de João G.
“No Ralis deixaram de existir porque agora há lá radar e no Eixo Norte-Sul também tem andado um bocado parado. É mais a A1, A16 e CREL”, confirma, explicando que no caso da Circular Regional Exterior de Lisboa quem participa nas corridas, dá “a volta antes da descida do Dolce Vita e sai na saída de Queluz”: “Fazem [a estrada] para baixo”.
“O pessoal não tem ido também muito para a A2, porque lá têm levado com a polícia, com inspeções B e assim. A A1 é sempre – vão até ao radar, depois abrandam e voltam para baixo”, conta João G., explicando que existem todos os anos centenas de pessoas a seguir de perto estas corridas: “Tem dias que chego à bomba da A1, do Burger, e está ao barrote. Há dias que está vazia. E quando vou a Massamá depende”.
O número de pessoas pode até ter baixado ligeiramente na última década, mas a frequência das corridas mantém-se e as velocidades, com os ponteiros a bater os 300 km/h – mais do que um Boeing 747 precisa para levantar voo – continuam a pôr em risco a vida de quem circula nas principais estradas e autoestradas da Grande Lisboa.
Leia aqui o especial investigação do i sobre as corridas ilegais