O realizador franco-polaco Roman Polanski não compareceu na cerimónia dos Césares, os prémios mais importante do cinema francês, que aconteceu ontem em Paris, numa edição em que o seu filme mais recente, J’Accuse – O Oficial e O Espião, era um dos favoritos.
Num comunicado citado pela agência France Presse, Polanski explica que decidiu não comparecer à entrega dos prémios, por receio de um «linchamento público». O cineasta de 86 anos diz que prefere «não afrontar um autoproclamado tribunal de opinião pública, disposto a espezinhar os princípios do Estado de Direito para que o irracional triunfe de novo».
J’Accuse, nomeado para 12 prémios nesta edição dos Césares, conta a história do caso Dreyfus – um escândalo político que dividiu a França entre 1894 e 1906 – do ponto de vista do tenente-coronel Georges Picquart. O próprio Polanski admite que encontra no caso referências à sua própria história e aos problemas com a justiça por causa das acusações de violação.
Face a estas nomeações, a associação Osez le Féminisme e o coletivo feminista #NousToutes convocaram manifestações para ontem em frente à sala Pleyel, onde decorreu a 45.ª cerimónia dos Césares. «Ele está protegido pelo mundo do cinema em França. Isto é uma loucura, dois anos depois do #MeToo», disse Céline Piques, porta-voz de Osez le Feminisme. «Enquanto nos Estados Unidos, Weinstein foi considerado culpado de violação e abuso sexual, em França admiramos Roman Polanski».