As autoridades italianas revelaram esta tarde que já são perto de 1700 os casos de doentes infectados com coronavírus no país, um aumento de cerca de 500 casos face ao balanço anterior. O número de mortes subiu para 34, revelou a Proteção Civil italiana numa conferência de imprensa realizada na tarde deste domingo. Ao todo, 83 doentes já estão curados e 41% das pessoas infectadas estão hospitalizadas. Giovanni Rezza, do Instituto Superior de Saúde, adiantou que uma análise retrospetiva dos casos sugere que o vírus pode ter começado a circular no país na segunda metade de janeiro. O jornal Corriere della Sera apresenta o número de casos por região, sendo o principal foco da epidemia o norte do país, onde as escolas vão permanecer fechadas durante a próxima semana. As companhias aéreas American Airlines e Delta anunciaram que os voos para Milão estão suspensos até ao final de abril.
Itália regista o cenário mais complexo na Europa, mas nas últimas horas os casos aumentaram também de forma significativa na Alemanha, em França e em Espanha. Na Alemanha, o número de casos duplicou este domingo para 129. O vírus já foi detetado em nove dos 16 estados alemães, concentrando-se a maioria dos casos no estado de Renânia do Norte-Vestfália. Em França, ultrapassou-se este domingo a barreira dos 100 doentes. O país registou duas mortes, 12 pessoas estão curadas e 86 permanecem hospitalizadas. Em Espanha, o número de casos subiu para 80.
O último balanço global do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças, que ainda não contempla algumas das atualizações mais recentes, dá conta de 87 024 casos em todo o mundo e perto de 3000 mortes. Na Coreia do Sul, o segundo país depois da China que regista o maior número de casos, foram confirmados este domingo mais 586 doentes, elevando-se o balanço para 3736 casos. O número de novos casos na China tornou a aumentar nos últimos dias e durante o fim de semana o país detetou os primeiros casos importados, do Irão e do Reino Unido. De acordo com a publicação chinesa Caixin, morreu mais um médico em Wuhan. Jiang Xueqing, de 55 anos, estava internado em estado crítico há um mês. A epidemia já vitimou 25 médicos no país, entre eles Li Wengliang, que foi dos primeiros a tornar pública a existência de um surto na cidade de Wuhan.
"Tecnicamente é uma pandemia"
Gabriel Leung, investigador e diretor da Faculdade de Medicina de Hong Kong, que tem acompanhado desde a primeira hora o desenvolvimento da epidemia do novo coronavírus, alertou este domingo em declarações a uma rádio chinesa que o quadro dos últimos dias sugere que a segunda vaga do vírus fora da China pode estar apenas no início, considerando que a situação configura já uma pandemia – quando uma infeção de dissemina em várias regiões do globo.
Citado pelo South Morning Post, Leung, que há três semanas esteve presente na reunião de peritos em Genebra e admitiu que, sem controlo, a infeção poderia afetar até 60% da população mundial, considerou que o receio de alarme público pode justificar o facto de a OMS não ter avançado para já com essa declaração. "Tecnicamente é uma pandemia, pois está a espalhar-se localmente em muitos países, mas OMS insiste que só deverá ser chamada de pandemia quando surtos locais ficarem fora de controlo", disse.
Para o especialista, a primeira morte nos EUA, até aqui sobretudo com casos importados, deve ser sinal de alerta e pode ser a 'ponta do icebergue', referiu. "Uma morte pode significar que existem 100 casos confirmados na região e talvez não os tenha registado porque não testou pessoas suficientes", afirmou.