O último torneio do Grand Slam que não se realizou foi o Open da Austrália de 1986 porque, com a mudança de data para em janeiro, não fazia sentido ter uma edição no final de 1986 e outra no início de 1987.
À exceção deste caso, os torneios do Grand Slam só não se disputaram devido às duas grandes guerras mundiais. E mesmo assim o US Open manteve-se ininterrupto desde 1881 porque os Estados Unidos nunca viveram as grandes guerras no seu território.
O 11 de setembro de 2001 teria levado ao cancelamento do US Open, mas a edição desse ano terminou no dia 9.
O Covid-21 poderá levar ao cancelamento de um ou dois Majors. Bem sei que a suspensão dos circuitos profissionais de ténis foi decretada até 26 de abril no ATP Tour, até 19 de abril na Federação Internacional de Ténis e no circuito WTA.
No entanto, quando leio que o torneio de Wimbledon, de 29 de junho a 6 de julho, já está a preparar a anulação da sua edição de 2020, sou levado a crer que Roland Garros, três semanas antes, poderá equacionar pelo menos essa hipótese.
A evolução da pandemia é imprevisível e todos os dias há novos dados que forçam as autoridades desportivas a redefinir as suas estratégias.
Em Portugal o torneio internacional de Loulé foi interrompido a meio desta semana. Os de Portimão, Quinta do Lago, Oeiras e Braga já nem irão começar.
De acordo com esta paragem forçada de seis semanas, o primeiro torneio internacional a decorrer em Portugal será o Millennium Estoril Open (MEO) a partir de 27 de abril.
O jornalista do Record, José Morgado, disse, com razão, que se o circuito recomeçasse mesmo na semana do MEO, o evento dirigido por João Zilhão iria ter a sua melhor lista de inscritos de sempre, desde que nasceu em 2015.
Tem razão. A ‘fome de bola’ e de pontos para o ranking mundial ditaria essa situação e até João Sousa poderia necessitar de um wild card para entrar no quadro.
A organização do evento continua a prepará-lo, tal como a Premier Sports, em colaboração com a Federação Portuguesa de Ténis, prossegue os preparativos para o Mundial em cadeira de rodas na semana seguinte, enquanto a Unisports e a Escola de Ténis Manuel Sousa aprontam o Lisboa Belém Open.
Fazem bem, pois é preciso sermos otimistas e se a paragem for apenas de seis semanas os efeitos não serão devastadores.
Mas a prudência manda-nos pensar que a suspensão poderá prolongar-se por meses e aí haverá uma séria crise económica em todo o sistema organizativo do ténis mundial.
Esta paragem é a altura ideal para estudar-se seriamente quais os melhores planos de relançamento de um eventual colapso.